Minas Gerais enfrenta uma crise sem precedentes de seca, com 135 de seus municípios em estado de emergência, conforme informações da Defesa Civil do estado. A situação é mais grave nas regiões Norte e nos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri, que estão entre as mais afetadas.
O decreto de emergência é adotado em situações críticas que ameaçam a infraestrutura pública e a saúde das populações locais. A severidade da seca tem sido amplamente atribuída às mudanças climáticas e ao aquecimento global, fenômenos que intensificam a crise hídrica no estado.
Os decretos de emergência, válidos por 180 dias, começaram a ser emitidos em maio, um período que normalmente é caracterizado por chuvas regulares em Minas Gerais. O impacto da seca não é restrito ao estado; o norte do Brasil também enfrenta uma seca histórica. A Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) declarou uma “situação crítica” de escassez no rio Madeira até 30 de novembro.
A expansão do clima semiárido no Brasil tem sido alarmante. O Norte de Minas, em particular, agora está totalmente incluído na área do semiárido, que duplicou em extensão nos últimos cinco anos. Municípios como Gameleiras, Espinosa e Mamonas estão agora classificados como pertencentes ao clima árido. Este cenário foi discutido durante o quinto encontro regional do Seminário Técnico sobre Crise Climática, realizado em Montes Claros no dia 14 de junho.
Durante o seminário, o professor Mário Marcos do Espírito Santo, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), destacou a diminuição de 20% nos níveis dos rios da região ao longo dos últimos 40 anos. Ele também mencionou a queda de 7% no volume de chuvas e o aumento de 18% na seca hidrológica. Estudos recentes indicam que a temperatura na região aumentou 3 graus nas últimas sete décadas, e o desmatamento tem sido um fator crítico na exacerbação do aquecimento global, contribuindo para a perda de mais de 40% da vegetação original de cerrado e mata seca no Norte de Minas.
O seminário também abordou a necessidade de revisar as estratégias de armazenamento de água. Áureo Eduardo Magalhães Ribeiro, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), criticou a alocação desproporcional de recursos, que favorece o uso de caminhões-pipa em detrimento de soluções mais sustentáveis, como cisternas.
A questão orçamentária e a necessidade de ações mais incisivas foram destacadas por autoridades presentes. O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), deputado Tadeu Martins Leite, ressaltou a importância do seminário para discutir soluções técnicas e políticas diante das extremas variações climáticas. A vice-presidenta da ALMG, deputada Leninha, chamou a atenção para a urgência de ações preventivas e a necessidade de maior alocação de recursos no orçamento estadual.
O seminário continuará com encontros em Uberlândia e Unaí antes da etapa final em Belo Horizonte, buscando soluções para mitigar os impactos das mudanças climáticas e promover a resiliência das comunidades mineiras.
Compartilhe isso:
- Clique para compartilhar no Twitter(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Facebook(abre em nova janela)
- Clique para imprimir(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no LinkedIn(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no Telegram(abre em nova janela)
- Clique para compartilhar no WhatsApp(abre em nova janela)