ISABEL LÔPO
Historiadora, atriz, cronista e acadêmica de jornalismo
Estreou no último dia 17 de junho, pela plataforma Globoplay, a série documental “Meu Amigo Bussunda”, e eu já assisti.
A ideia de homenagear um dos maiores ícones do humor brasileiro partiu do amigo de infância, compadre e colega de trabalho, o cineasta Claudio Manoel dos Santos. A direção, contou com a parceria de Micael Langer e Júlia Besserman, filha do Claudio Besserman Viana – o Bussunda.
A série é dividida em quatro episódios e apresentada em ordem cronológica. Entre os entrevistados estão, Vera Ficher, Maria Paula, Zico, Debora Bloch e o humorista Danilo Gentili, que em sua fala disse que juntamente com seus colegas de escola, aguardavam o intervalo do lanche para comentarem as piadas do programa exibido na noite anterior. Lembrei-me, que aqui era diferente. Ainda a metros de distância da entrada da escola, meus colegas e eu já chegávamos gritando uns aos outros com novos apelidos que havíamos aprendido com o episódio daquela semana. Esses comportamentos geravam livres gargalhadas, maior socialização e era o comprovante de que havíamos conseguido ultrapassar as barreiras de proibição impostas pelos adultos.
Lá em casa não era proibido, mas minha avó pedia para não assistirmos. Assim, tirávamos o brilho da TV e deixávamos o volume bem baixinho, na tentativa de não magoá-la.
Difícil era disfarçar e segurar o riso, que agora veio somado à nostalgia de reviver boa parte de minha adolescência e recordar o quanto sofri por não ter grana para comprar a caneca com a logomarca do programa “Casseta e Planeta”, e que fazia parte do grupo das meninas, que quando crescessem queriam ser igual a Maria Paula, trabalhar na TV e ter vários colegas engraçados. Essa era nossa visão naquela época, tamanha a naturalidade com que aquela trupe trabalhava, com destaque para o Bussunda, que não parecia fazer esforço algum em sua interpretação. Seus colegas comentam isso durante as entrevistas.
Num tempo em que não havia a censura à comédia, ainda não vivíamos sob a tirania do “politicamente correto” como hoje, os “cassetas” traziam através da piada discussões importantes em torno de temas polêmicos e ainda difíceis de travar uma discussão, como futebol, política e até aulas de gramática. Através das piadas, sátiras e paródias engraçadas.
O semanal era basicamente educativo. Ao perdermos a irreverência do humorista Bussunda, perdemos arte, cultura e principalmente, perdemos jornalismo. Era a linguagem do humor a serviço da informação. Fica a dica: a série está imperdível!
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