Após tentar emplacar ex-líder há dois anos, Palácio Tiradentes não irá interferir na eleição da Mesa Diretora, que deve reconduzir o atual presidente
Após fracassar ao tentar viabilizar uma candidatura há dois anos, o governador Romeu Zema (Novo) não lançará um candidato à presidência da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Zema irá apoiar a reeleição do deputado estadual Tadeu Leite (MDB), o Tadeuzinho. À frente da Mesa Diretora desde 2023, Tadeuzinho, que é tratado como um nome de consenso, deve ser o único candidato nas eleições, que devem acontecer até o fim de 2024.
A informação foi confirmada pelo secretário de Governo, Gustavo Valadares. Ao ser perguntado se o Palácio Tiradentes voltaria a lançar um candidato, Valadares, que, inclusive, é deputado estadual licenciado, disse que sim. “Tadeu”, emendou o secretário, confirmando que o governo apoiará a recondução de Tadeuzinho. O presidente da ALMG foi procurado por O TEMPO, mas não atendeu aos contatos da reportagem. O espaço segue aberto.
A opção por Tadeuzinho vai na contramão da postura adotada em 2022, quando, depois da reeleição de Zema ainda no 1º turno, o governo tentou emplacar um candidato. À época, o Palácio Tiradentes chegou a lançar o ex-líder do governo Roberto Andrade (PRD) contra o atual presidente. Sem reunir os votos necessários, Andrade retirou a candidatura. Mesmo assim, o governo, com a ajuda do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, insistiu com outro nome, Duarte Bechir (PSD), mas sem sucesso.
Depois do desgaste de dois anos atrás, a articulação por um novo adversário de Tadeuzinho poderia ser vista como uma nova tentativa de o Executivo interferir na autonomia do Legislativo. De forma reservada, um deputado estadual da base disse à reportagem que “eleição da Mesa não é assunto de governo, mas de ALMG”. “Ninguém monta em cavalo selado”, afirmou o parlamentar, fazendo alusão ao fato de Tadeuzinho já ocupar a presidência.
A boa relação entre Zema e Tadeuzinho também pesou para a escolha do governo em apoiar a reeleição do presidente. Após ter um relacionamento conturbado com o ex-presidente da ALMG e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Agostinho Patrus, o governador elogiou o atual presidente diversas vezes publicamente. “Sob a presidência do deputado Tadeu Martins Leite, a ALMG se tornou um ambiente mais acolhedor e respeitoso”, disse, no início deste ano, durante a retomada do Legislativo.
Após o governo Zema ter tentado viabilizar um candidato contra Tadeuzinho há dois anos, interlocutores tanto da ALMG quanto do próprio Palácio Tiradentes reconhecem que a postura do presidente durante os últimos dois anos poderia ter sido oposta à que foi, ou seja, poderia ter sido inflexível. Tadeuzinho até já interveio para garantir que os deputados estaduais da base de governo garantissem quórum para votar propostas caras para o governo, como, por exemplo, a adesão ao Regime de Recuperação Fiscal.
Quando o governo Zema encaminhou uma proposta para reajustar em 3,62% os salários dos servidores públicos estaduais, índice inferior ao IPCA acumulado em 2023, Tadeuzinho negociou com o Palácio Tiradentes o aumento da proposta em um ponto percentual diante da resistência das carreiras do Estado ao texto inicial. Às vésperas da votação, o presidente ainda teria ligado para deputados estaduais para convencê-los a derrubar emendas que aumentassem os 4,62%.
Antes mesmo da decisão do governo em apoiar Tadeuzinho, a possibilidade do lançamento de uma candidatura própria era tratada como remota nos bastidores. Um deputado estadual da base de Zema, que também pediu anonimato, avaliou que seria um “estresse desnecessário”. “Deste governo, a gente pode esperar tudo, mas essa possibilidade é quase mínima, nula”, afirmou o parlamentar. Outro chegou a falar que a chance era “zero”.
A reeleição de Tadeuzinho para a presidência da ALMG deve ser similar à de Agostinho, que, em 2020, foi reconduzido por unanimidade, sem adversários. Por ora, nenhum deputado estadual teria tentado viabilizar, pelo menos entre os pares, uma candidatura para rivalizar com o atual presidente. Um parlamentar afirmou, também de forma reservada, que “não tem mínima razão plausível” para tratar de uma alternativa a Tadeuzinho.
O atual presidente é tratado nos bastidores como um consenso, porque, pelo menos para parte dos deputados estaduais, não haveria outro parlamentar com o perfil conciliatório de Tadeuzinho. Interlocutores da ALMG citam a postura do deputado estadual em agregar base e oposição. Apesar de ser filiado ao MDB, que apoiou a reeleição de Zema, ele teve no bloco de oposição, que tem 20 parlamentares, um dos principais fiadores da primeira candidatura à presidência, por exemplo.
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