Agosto é um mês especial para a advocacia. No Brasil, o Dia do Advogado é celebrado em 11 de agosto, uma data histórica que remonta à criação dos primeiros cursos jurídicos no país, em 1827. Nessa data, foram inauguradas as faculdades de Direito em Olinda (PE) e São Paulo (SP), marcando o início da formação jurídica oficial no Brasil. A escolha dessa data celebra não apenas a profissão, mas também a importância do direito na construção da sociedade brasileira, reforçando o papel dos advogados como defensores da justiça e dos direitos fundamentais.
Desde os primórdios do direito, as mulheres enfrentaram inúmeros desafios para conquistar seu espaço. Inicialmente excluídas das faculdades de direito e dos tribunais, elas lutaram contra preconceitos e barreiras institucionais para se afirmarem como profissionais competentes e dedicadas. No contexto mais amplo do direito, a palavra “advogado” vem do latim “advocatus”, que significa “chamado para ajudar”. O advogado é, portanto, um guardião dos direitos do cidadão, desempenhando um papel fundamental na defesa das liberdades individuais e na garantia da justiça. A advocacia é essencial para a manutenção do estado de direito e para assegurar que todos tenham acesso a uma defesa justa e imparcial.
Nomes como Myrthes Gomes de Campos, a primeira mulher a exercer a advocacia no Brasil em 1906, e Sobral Pinto, que apesar de ser mais conhecido como advogado, apoiou e incentivou a inclusão das mulheres na profissão, são exemplos de pioneiros. Na contemporaneidade, figuras como Maria Berenice Dias, uma das primeiras mulheres a ingressar na magistratura no Rio Grande do Sul e conhecida por sua atuação em direito de família e direitos das mulheres, continuam a inspirar novas gerações de advogadas.
A presença de mulheres na advocacia tem sido uma força motriz para mudanças sociais e institucionais, trazendo uma visão diferenciada e essencial para a justiça. Elas não apenas fazem parte do universo jurídico, mas também ocupam posições de destaque e liderança. Atualmente, segundo dados da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), há um significativo número de mulheres advogadas registradas tanto em Minas Gerais quanto no Brasil. Em Minas Gerais, são mais de 58 mil mulheres com inscrição ativa na OAB. No Brasil, esse número ultrapassa 550 mil, representando uma parcela crescente e importante da advocacia nacional.
A advogada mediadora e conciliadora formada pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, Graciete Prioto, que também atua nas áreas trabalhista, empresarial e sindical, reflete sobre a realidade das mulheres na advocacia e suas perspectivas sobre o futuro. “A advocacia feminina ainda enfrenta muitos desafios, desde a conciliação entre vida profissional e pessoal até a busca por igualdade de oportunidades. No entanto, a nossa presença crescente e a ocupação de cargos de liderança são sinais de que estamos no caminho certo,” afirmou Prioto, que também ocupa, atualmente, o cargo de vice-presidente da Subseção da OAB no município, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo na história da entidade.
Graciete destaca as lutas enfrentadas pelas advogadas ao longo dos anos. “Historicamente, fomos subestimadas e muitas vezes excluídas dos espaços de decisão. Tivemos – e ainda temos – que provar constantemente nossa capacidade. Hoje, temos uma representatividade significativa, mas ainda há muito a ser feito para garantir a verdadeira igualdade. A nossa luta diária resultou em avanços importantes, como a criação de comissões e grupos de trabalho focados na igualdade de gênero dentro da OAB e em outras instituições jurídicas”, conta.
Sobre a visão diferenciada que as mulheres trazem para a advocacia, Graciete garante uma abordagem mais empática e detalhista, o que muitas vezes resulta em um atendimento mais humanizado aos clientes. “Nossa capacidade de multitarefa e de ver além do óbvio contribui para soluções jurídicas mais criativas e eficazes”, diz. Além disso, para ela, essa visão diferenciada também precisa ser levada para as posições de liderança. “Assumir posições de liderança não é apenas uma questão de reconhecimento, mas também de representatividade. Quando as mulheres ocupam esses cargos, elas inspiram outras a seguirem o mesmo caminho, criando um ciclo de empoderamento e mudança”, reflete.
Além dos desafios comuns à profissão, como a necessidade de atualização constante frente às mudanças legislativas e jurisprudenciais, as longas jornadas de trabalho e a pressão por resultados, a advocacia feminina enfrenta obstáculos adicionais. As mulheres advogadas ainda lidam com preconceitos de gênero, a conciliação entre a vida profissional e pessoal, e a busca por equidade no ambiente de trabalho. Para as novas gerações de advogadas, Graciete Prioto faz uma convocação: “não tenham medo de buscar seus sonhos e lutar por seus direitos. A advocacia precisa de mais mulheres fortes e determinadas para continuar avançando e fazendo a diferença,” finaliza.
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