O Ministério da Agricultura está fiscalizando propriedades rurais onde se produz a banana para prevenir a chegada das pragas Raça 4 Tropical da Fusariose da Bananeira e do Moko da Bananeira. Os produtores rurais estão recebendo orientações sobre os riscos da entrada dessas pragas, que podem comprometer o cultivo da fruta no país. A fiscalização teve inicio pelo Vale da Ribeira, em São Paulo, que é o maior concorrente do Norte de Minas na produção da banana prata. O Brasil é atualmente o quarto maior produtor de bananas do mundo, com área de 466 mil hectares e produção estimada de 6,7 milhões de toneladas.
A Raça 4 Tropical (FOC R4T) ainda não chegou ao Brasil, mas já está presente na Colômbia e no Peru, o que preocupa muito a Defesa Fitossanitária, porque não existe tratamento curativo nem variedades resistentes à doença. “É muito importante prevenir para evitar a entrada desta praga, que pode ser disseminada, principalmente, por meio de mudas de bananeira e solo contaminado aderido aos calçados e às rodas de veículos”, explica Wilson da Silva Moraes, engenheiro agrônomo e fitopatologista da Unidade Técnica Regional de Agricultura Ipanema (Utra Ipanema/SFA-SP). Ele é o responsável pelo levantamento anual de FOC R4T e Moko da Bananeira no Estado de São Paulo.
A Raça 4 Tropical da Fusariose da Bananeira é um fungo habitante do solo que infecta as raízes e coloniza os vasos condutores de seiva do pseudocaule [caules falsos compostos por restos de bainhas das folhas que se prendem ao caule] de todas as variedades de banana, principalmente as do tipo Nanica, impedindo o transporte de água e nutrientes para a parte aérea da planta, provocando sua morte. O fungo pode permanecer viável no solo por até 40 anos, inviabilizando a produção.
Preocupado com a prevenção, o Mapa lançou no final de julho a publicação “Diálogos para prevenção da Raça 4 Tropical da Fusariose em bananeiras”, que traz textos, mensagens de voz, cartazes e infográficos, num trabalho que vai apoiar a extensão rural. O material foi idealizado e produzido pela Comissão de Educação Sanitária (CES), coordenada pela SFA/SP. Participam do grupo especialistas do Poder Público e da iniciativa privada.
Adotar um único acesso ou entrada de pessoas e veículos no bananal e manter um recipiente para limpeza de calçados e dos pneus dos veículos de visitantes da propriedade é uma das dicas que a equipe repassa aos produtores. Caixas de concreto, conhecidas como pedilúvio ou rodolúvio, contendo o sanitizante ‘amônia quaternária’ ajudam a evitar a entrada de solo contaminado. Outro cuidado é sobre a importação de mudas. Como a Raça 4 Tropical da Fusariose já foi constatada na Colômbia e no Peru, é proibido trazer desses países mudas de bananeiras e plantas ornamentais, além de artesanatos feitos da fibra de bananeira. “Produtores devem comprar mudas de qualidade de viveiristas inscritos no Registro Nacional de Sementes e Mudas, o Renasem”, disse o agrônomo.
Moraes reforça ainda a necessidade de manter implementos e equipamentos agrícolas limpos, pois eles também podem conduzir o fungo de uma área para outra. “É importante sempre desinfetar os calçados, ferramentas e equipamentos quando for entrar nas áreas de cultivo, assim você evita a transmissão dessas pragas de uma plantação para outra”, explica. Durante o manejo, é preciso tomar cuidado com as roçagens para não danificar as raízes e o pseudocaule da bananeira. O uso de adubação orgânica e mineral equilibrada com base em análise do solo é uma recomendação importante para manter o bananal sadio.
Diferentemente da raça 4 da Fusariose, que ainda não chegou ao Brasil, o Moko da bananeira já ocorre na região norte do país. Ele é causado por uma bactéria habitante do solo, que infecta desde a raiz até a inflorescência [parte da planta onde se localizam as flores] ou cacho, podendo ser disseminada por mudas infectadas, ferramentas contaminadas ou pelo contato de raiz para raiz ou do solo para a raiz. Por isso é tão importante o monitoramento dessa doença nas unidades da federação onde ainda não ocorre, como é o caso do estado de São Paulo. Outro veículo importante de transmissão são os insetos visitadores de inflorescências, como as abelhas, vespas e mosca-das-frutas. A doença compromete o desenvolvimento da bananeira e a única forma de controle é a detecção precoce e a rápida erradicação das plantas infectadas e das que estão próximas. “Mesmo aparentando estar sadias, as mudas já podem ter contraído a doença”, afirma o engenheiro agrônomo Wilson da Silva Moraes.
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