“Cada criança tem seu tempo de desenvolvimento”. Essa é uma frase muito comum entre as mães, que acaba acalentando o coração para qualquer atraso que o filho possa vir a ter, mas também pode tirar um alerta: até que ponto é comum um atraso no desenvolvimento infantil?
Michelli Freitas, pedagoga, psicopedagoga, analista do comportamento e diretora do IEAC (Instituto de Educação e Análise do Comportamento), foi mãe pela primeira vez aos 24 anos. Tudo ocorria como deveria ser. “Nós íamos ao parque pela manhã, ele tinha todos os estímulos que precisava, atenção, carinho, eu fui mãe bem jovem e era saudável. Não havia nenhum agravante para pensar que meu filho poderia ser diferente de outras crianças”.
Durante a festa de um ano, a mãe conta que fez todos os preparativos e aguardava ansiosa pelo dia que acabou sendo repleto de choro e desconforto do filho. Diogo Filho era uma criança mais reservada, não falava, e nenhum desses sinais alertou os pais. “Hoje eu tenho consciência de que é preciso estar atenta a cada passo do desenvolvimento de uma criança”, explica Michelli Freitas.
Foi no aniversário dela, em 2014, quando estava grávida do segundo filho que recebeu o diagnóstico. Após a sugestão de uma amiga de buscar saber se a criança teria deficiência auditiva, a Michelli fez várias pesquisas pela internet até se deparar com a informação sobre autismo. “Eu fiquei desesperada, perdi o chão. Primeiro levamos Diogo à fonoaudióloga, depois neuropediatra, e depois de um tempo veio o diagnóstico”. Freitas, assim como várias mães, desconhecia o autismo e como proceder para ajudar o filho. Iniciou então um processo de busca profissional, do que deveriam fazer para ajudar o filho e se depararam com a falta de preparado de muitos deles.
A mãe estudou muito, foi para o exterior entender como poderia melhorar a qualidade de vida do filho, e então se especializou em ABA, se formando em analista do comportamento. Ela e o marido decidiram que seriam, a partir de então, um apoio para essas famílias desassistidas e fundaram o Instituto de Educação e Análise do Comportamento (IEAC), onde atuam na formação de pais e profissionais para o desenvolvimento de crianças autistas. Hoje já são mais de 20 mil alunos, dentre pais e profissionais de saúde e educação, que passaram pelo IEAC.
A psicopedagoga alerta para pontos importantes que as famílias devem perceber nas crianças. “Existem algumas formas dos pais ficarem atentos aos sinais. Assim como na introdução alimentar que existem etapas, no desenvolvimento social também. Então, perceber se a criança tem atraso na fala, se chora muito, principalmente quando está próxima A muitas pessoas. Se ela consegue se comunicar apontando objetos; como é a interação dela com o mundo ao redor”, ressalta a psicopedagoga.
Ainda hoje se tem poucas informações oficiais sobre autistas no Brasil. É pouco divulgado, discutido e por isso muitas vezes motivo de desapontamento dos pais e também o preconceito por um todo. “Precisamos ter uma comunidade fortalecida para ajudar nossos filhos autistas. Precisamos de informações, de terapias corretas, de profissionais atentos e que façam diagnóstico certo, quanto mais cedo possível”, finaliza.
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