A data oficialmente celebrada como o dia da abolição da escravatura no Brasil, 13 de maio, foi lembrada no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ontem (13). Os parlamentares falaram dos significados da data, mas também das lutas presentes dos negros e dos heróis do passado negligenciados pela historiografia oficial.
“A História romantiza a nossa realidade ao falar do 13 de maio como se tudo tivesse mudado depois da Lei Áurea. Ainda há muitos a serem libertos”, disse a deputada Ana Paula Siqueira (Rede). Ela lembrou que, após o decreto de abolição da escravidão, em 1888, os ex-escravos foram deixados sem casa, sem estudo, sem suporte.
Ao longo do tempo, isso teria mantido os negros como a maior parte da população pobre do país, distantes de locais com saneamento básico, boas escolas e espaços de decisão.
As estatísticas que mostram a marginalização dos negros no País ainda hoje também foram lembradas pela parlamentar, que ressaltou, por exemplo, que o salário entre pessoas com curso superior é 30% menor entre os negros, segundo o IBGE.
A população negra como alvo de violência também foi lembrada pela parlamentar, que afirmou que, segundo o Atlas da Violência, entre 2008 e 2018, a taxa de assassinato de negros aumentou em 11,5% enquanto a de brancos foi reduzida em 12,9%. Ana Paula Siqueira apontou que a pandemia só piorou o quadro, já que os negros têm morrido em maior proporção que os brancos por complicações da Covid-19 e têm sido menos vacinados.
“Não ter honestidade para assumir a relação da História com esses dados é covardia. É fácil falar em meritocracia quando a cor da sua pele não te exclui desde o primeiro dia do seu nascimento”, disse. Ela lembrou, ainda, que a ALMG teve pela primeira vez mulheres negras eleitas em 2018 e comemorou o fato de ser uma delas, ao lado das deputadas Leninha (PT) e Andréia de Jesus (Psol).
Parlamentar lembra que abolição veio antes no Ceará
Também motivado pela data, o deputado Virgílio Guimarães (PT) falou que é preciso ressaltar heróis que a historiografia original negligencia. “A princesa Isabel teve um papel, mas não fez a abolição sozinha”, disse. Ele ressaltou, em especial, os escravos e ex-escravos que lutaram e, muitas vezes, perderam a vida em nome do fim do regime escravocrata.
Como exemplo, Virgílio Guimarães se lembrou de Francisco Nascimento, ou Chico da Matilde, negro filho de escravos que conquistou um posto de trabalho no porto de Fortaleza. De lá, coordenou uma grande greve no porto para impedir a movimentação de navios negreiros, greve à qual os trabalhadores de várias categorias aderiram posteriormente. O resultado foi que o Ceará aboliu a escravidão seis anos antes do que o resto do País.
Luto – A pedido de Virgílio Guimarães, o Plenário também fez um minuto de silêncio em homenagem ao radialista Eduardo Ferreira, de Pouso Alegre (Sul). Ele foi mais uma vítima da Covid-19 (Portal ALMG)
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