As chuvas chegaram fortes e destruíram estradas, cercas e barracões. A água afogou animais e destruiu plantações. Os danos causados pelas tempestades e enchentes, que assolaram os campos de Minas Gerais neste último mês, foram grandes. Mas quais foram os maiores problemas enfrentados pelos produtores rurais do estado? Mapeamento inédito feito pelo Sistema Faemg/Senar/Inaes/Sindicatos indicou que as restrições de acessos, com interdições e desmoronamentos das vias que servem para o escoamento da produção, foram as que mais prejudicaram o agronegócio neste início de ano. Em segundo lugar, a destruição das cercas também representou prejuízo em todas as regiões atingidas. Por fim, a queda da energia elétrica e demora no restabelecimento também gerou fortes perdas.
No levantamento, feito pelos técnicos do Programa de Assistência Técnica e Gerencial – ATeG e parceiros do Sistema Faemg, a partir do preenchimento de 1.412 formulários eletrônicos com dados de produtores de 263 municípios de Minas, também estão registradas perdas de animais e de lavouras, além da destruição de outras infraestruturas nas fazendas. A amostra busca diagnosticar a atual situação dos produtores e das propriedades afetadas pelas chuvas de dezembro e deste mês, visando a elaboração de ações estratégicas do Sistema Faemg e a busca pelo apoio para as soluções junto ao poder público e facilitação de negociações junto a instituições financeiras.
A diretoria do Sistema Faemg tem dialogado diariamente com presidentes de sindicatos das principais regiões atingidas no estado para buscar ainda mais informações sobre os problemas que castigam os produtores rurais. Todo este conteúdo levantado já vai ser apresentado para a ministra da Agricultura, Teresa Cristina, em reunião, em Brasília, nesta quarta-feira (26). Também já foi solicitada audiência ao governador Romeu Zema e serão feitas articulações com deputados e representantes de instituições que possam ajudar na solução dos problemas.
“Estamos trabalhando em todas as frentes para tentar atenuar os problemas sofridos pelos produtores rurais mineiros com as intensas chuvas. O mapeamento vai nos guiar para melhorar esta ajuda, seja para reabertura de estradas ou para capacitação para a retomada das atividades. Sindicatos e escritórios regionais vão participar desta força tarefa. E já estamos em contato com várias esferas do governo estadual e até federal para ampliar estas ações e minimizar as perdas no campo”, ressalta Antônio de Salvo, presidente do Sistema Faemg.
“A pesquisa liderada pelo Sistema Faemg/Senar/Inaes/Sindicatos, junto aos produtores rurais afetados pelas chuvas, apontou que danos maiores foram os estruturais, nas estradas de acesso, com cercas e decorrentes da falta de energia elétrica. O Sistema Faemg vai trabalhar nas ações de capacitação para que o produtor possa se reerguer e ajudar na retomada da economia do meio rural dos municípios de maneira mais rápida. As ações estão sendo elaboradas e serão implementadas o mais breve possível. Na próxima semana, já estaremos com projetos rodando em regiões afetadas”, ressaltou o superintendente do Senar Minas, Christiano Nascif.
“Esta é uma amostra significativa do que ocorreu nas áreas rurais mineiras. Não há como dizer que é um retrato fiel aos problemas de todo o estado, mas dá indicativos muito sólidos dos principais problemas e do que o produtor rural precisa, para o Sistema Faemg poder ajudar nas áreas de apoio institucional, capacitação e assistência técnica e gerencial”, destaca Bruno Rocha, gerente de Assistência Técnica e Gerencial do Sistema FAEMG.
Ranking das cadeias mais atingidas
As perdas de pastagens também foram citadas como problema que afetou a maior parte dos produtores rurais. As maiores perdas foram registradas nas regiões de Governador Valadares, Sete Lagoas e Montes Claros. Na agricultura 17% relataram perda de produção agrícola. Ranking das cadeias mais atingidas:
O relatório realizado pela Emater mostra que as chuvas causaram um prejuízo financeiro de R$ 17,5 milhões em 12 municípios do Norte de Minas, que estão na área de abrangência da Gerencia Regional de Montes Claros. As maiores perdas foram no Feijão 1ª safra, com queda de 60%; Milho Verão com queda de 35% e Horticultura com queda de 32% e Produção de leite com 12,5%. Os dados são de 1.595 produtores afetados. Se mantida a média, de R$ 1,353 milhão por município, isso implica que nos 86 municípios do Norte de Minas o prejuízo chega a R$ 116,410 milhoes. A Emater ainda não concluiu o levantamento regional.
Um levantamento preliminar feito pela Emater mostra que, em Minas, 127 mil produtores rurais sofreram algum tipo de dano por causa das chuvas das últimas semanas. O estudo aponta que a situação foi relatada em 416 municípios do estado (48,7% do total). Entre os municípios com estimativa de áreas afetadas, a produção de feijão primeira safra foi a mais prejudicada, com 42,2% da área a ser colhida. As regiões Norte, Cerrado, Nordeste, Leste e Central foram as mais atingidas. Já na produção de hortaliças, é estimado comprometimento de 37% da área, principalmente nas regiões Nordeste, Leste e Central de Minas Gerais. A produção de milho (safra verão) tem uma estimativa de 23,3% de área afetada, com destaque para as regiões Norte, Nordeste e Central.
O levantamento da Emater foi realizado em Lagoa dos Patos, Jequitaí, Grão Mogol, Claro dos Poções, Capitão Enéas, Olhos-d’ Água, Bocaiuva, Montes Claros, Francisco Sá, Engenheiro Navarro, Juramento, Itacambira e Glaucilândia. Os prejuízos foram no feijão 1ª Safra de R$ 4,55 milhões; milho de R$ 1,23 milhão; leite R$ 6,39 milhões e Horticultura R$ 4,22 milhões.
No relatório, a situação do abastecimento de alimentos e água para consumo humano e dessedentação animal, onde em Jequitaí tem oito localidades com problemas de acesso prejudicando em torno de 165 agricultores; em Grão Mogol são 4.123 famílias que estão recebendo água potável por meio de caminhão-pipa devido à água que eles utilizam em suas comunidades apresentarem grande número de impurezas.
Em Montes Claros os problemas de logística ainda não afetaram o transporte dos produtos hortifrutigranjeiros para os mercados. Quanto ao abastecimento de água, não há comprometimento, assim como a dessedentação de animais. (RICARDO GUIMARÃES – Colaborador)
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