Crescemos sendo influenciados a construir uma relação com os livros e na escola é geralmente onde se dá o contato mais próximo com a literatura, onde recebemos incentivo para manter regularidade na leitura. Mas muitas vezes os brasileiros não levam este hábito para a vida adulta.
Para a vendedora Luísa Almeida, de 23 anos, os livros não são atrativos. “Na escola eu não gostava de ler, eu acho que isso veio de algumas vezes que tínhamos que ler como castigo. Agora, sem a obrigação de ler e com a correria do dia a dia, isso não é minha prioridade. Compro livros de vez em quando, começo a ler, mas não fico presa e vou deixando pra lá. Quando tenho tempo, acabo fazendo outras coisas” disse.
Luísa faz parte de uma porcentagem que tem aumentado no Brasil. Estudos apontam que o número de leitores no país caiu de 56% para 52% — totalizando os 4,6 milhões. Os dados mostram que o brasileiro lê, em média, cinco livros por ano — mas apenas dois e meio completos.
Na apresentação dos resultados, Zoara Failla, coordenadora da pesquisa, afirmou que a internet, redes sociais e aplicativos, como o WhatsApp, ganharam muito espaço entre as atividades preferidas no tempo livre entre todos os entrevistados, substituindo a leitura. Enquanto, em 2015, 47% alegaram utilizar internet no tempo livre, na atual pesquisa esse número aumentou para 66%.
As maiores quedas no percentual de leitores foram observadas entre as pessoas com ensino superior – passando de 82% em 2015 para 68% em 2019 -, e entre os mais ricos. Na classe A, o percentual de leitores passou de 76% para 67%.
Um dos fatores que influencia a leitura, de acordo com o estudo, é o incentivo de outras pessoas. Um a cada três entrevistados para a pesquisa, o equivalente a 34%, disse que alguém os estimulou a gostar de ler. A publicitária Camila Rodrigues, 21 anos, por exemplo, recebeu esse incentivo em casa. “Eu sempre li muito, meus pais sempre liam pra mim e para meu irmão. Sempre ganhamos livros e meus pais comemoravam muito quando terminávamos mais um. Agora, já adulta, aprendi com a prática que a oratória melhora muito com a leitura frequente, faço de tudo para ler pelo menos um livro por mês e adoro ganhar livros de presente”.
Os números ainda mostram que os professores influenciaram 11% dos entrevistados. A pedagoga Ana Flávia Cordeiro, 31 anos, pontua que: “a literatura tem um papel indispensável na alfabetização e na formação dos nossos estudantes. Ela influencia no aprendizado dos anos iniciais e é primordial para o poder argumentativo e para promover a habilidade de discurso. Em sala de aula a gente recebe crianças que conhecem muitas histórias que os pais ou familiares leram e estão habituados a terem contato com livros, mas também recebemos crianças que nunca tiveram acesso a esse tipo de material; se a escola não prover e nem viabilizar o encontro entre esses estudantes e a literatura, infelizmente os números de não leitores vão aumentar. No meu trabalho, eu levo os pequenos a se apaixonarem pelas histórias e pela possibilidade de viajarem pelo imaginário através da leitura. Isso precisa acontecer de uma forma prazerosa para que vire um hábito e que se transforme em uma base capaz de transformar o futuro dos meus alunos”. (JHULLIE RODRIGUES)
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