‘Janeiro Branco’ com ações de saúde mental - Rede Gazeta de Comunicação
‘Janeiro Branco’ com ações de saúde mental

GIRLENO ALENCAR

A Unidade Básica de Saúde do bairro Antônio Pimenta realizou, durante todo o mês de janeiro, diversas ações de conscientização com a população do bairro para o “Janeiro Branco”,  campanha criada com o objetivo de chamar a atenção da população para as questões e necessidades relacionadas à Saúde Mental e Emocional. Foram realizados debates, palestras, rodas de conversa e oficinas, além de confecção e distribuição de material da campanha, com o objetivo de colocar o tema em evidência para promover a psicoeducação da população, favorecendo a saúde mental e combatendo o adoecimento emocional.

“A campanha ‘Janeiro Branco: Quem Cuida da Mente Cuida da Vida’ foi pensada e organizada pelos residentes e preceptores da Residência Multiprofissional em Saúde da Família. Foram realizadas ações como a decoração da Unidade Básica de Saúde, sala de espera temática, roda de conversa, sessão de relaxamento, grupos temáticos, cantinho da leitura e oficina de jardinagem; todas as ações foram planejadas e colocadas em prática respeitando as medidas preventivas de cuidados contra a COVID-19”, explicou Ianaiê Lopes, psicóloga residente.

A escolha de janeiro para esse evento é porque, no primeiro mês do ano, em termos simbólicos e culturais, as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas, em suas relações sociais, em suas condições de existência, em suas emoções e em seus sentidos existenciais. E, como em uma “folha ou em uma tela em branco”, todas as pessoas podem ser inspiradas a escreverem ou a reescreverem as suas próprias histórias de vidas. As campanhas geram conscientização, combatem tabus, mudam paradigmas, orientam os indivíduos e inspiram autoridades a respeito de importantes questões relacionadas às vidas de todo mundo.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) chama a atenção para a importância dos cuidados com a saúde mental, que vem sendo afetada em todo o mundo pela pandemia do novo coronavírus. Em março do ano passado, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) já advertia, em artigo internacional publicado no ‘Brazilian Journal of Psychiatry’, que a pandemia traria uma quarta onda relativa às doenças mentais. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) relatam que o Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas, equivalentes a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. A depressão é uma doença que afeta 4,4% da população mundial. O Brasil é ainda o país com maior prevalência de ansiedade no mundo (9,3%).

Esta é a 8ª edição da campanha ‘Janeiro Branco’, com o lema “Todo Cuidado Conta”. A ação deste ano busca promover um pacto pela saúde mental em meio à pandemia da covid-19. A ideia da campanha foi criada em 2014, por um grupo de psicólogos de Uberlândia (MG), e faz alusão ao início do ano, considerando janeiro como uma “página em branco” para ser preenchida com novas metas, objetivando o bem-estar da saúde mental. De acordo com a ANS, a saúde mental provoca reflexos também na economia, constituindo causa de afastamento do trabalho e caracterizando muitas vezes a pessoa como incapaz.

Pesquisa realizada pelo professor Alberto FiIgueiras, do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) sobre o comportamento dos brasileiros durante o isolamento revelou que a prevalência de pessoas com estresse agudo na primeira coleta de dados, realizada de 20 a 25 de março de 2020 foi de 6,9% contra 10,3%, na segunda, efetuada entre 15 e 20 de abril, evoluindo em junho, na sondagem mais recente, para 14,7%. Para depressão, os números saltaram de 4,2% para 8%, caindo em junho para 6,6%. Essa retração não recuperou o crescimento inicial. O professor da Uerj acredita que exista uma tendência de queda da depressão, porque ela estava mais associada aos aspectos de isolamento social e de confinamento.

No caso de crise aguda de ansiedade, o número subiu de 8,7% na primeira coleta para 14,9%, na segunda coleta, ficando em torno de 15%, em junho. “Já a ansiedade parece estar mais ligada a risco de morte, de contaminação, e às incertezas que o futuro está nos apresentando, principalmente em termos de dificuldade econômica”. Segundo Filgueiras, a questão da vacina contribui também para aumentar a ansiedade.

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