Impactos do engajamento do paciente no atendimento à saúde (parte 2) - Rede Gazeta de Comunicação

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Impactos do engajamento do paciente no atendimento à saúde (parte 2)

KLEBER ARAÚJO

Chief medical information officer (CMIO) da MV

Apesar dos desafios, algumas iniciativas já operam com sucesso ao redor do mundo. A campanha Choosing Wisely, por exemplo, é um projeto da American Board of Internal Medicine Foundation (ABIM Foundation) para estimular profissionais de saúde e pacientes a conversarem sobre o uso correto e no momento adequado de exames diagnósticos e intervenções, evitando procedimentos desnecessários ou que podem levar a danos à saúde do paciente. A ideia é compartilhar informações baseadas na melhor evidência científica disponível e avaliar o que é necessário ou não para proporcionar um cuidado mais seguro e eficaz. A iniciativa também encoraja os pacientes e familiares a conversarem com seus profissionais e entre si sobre a necessidade, riscos e alternativas de determinada conduta.

Outro exemplo é a PatientsLikeMe, uma enorme comunidade de pacientes que colaboram de forma integrada para a gestão de saúde e trocam de dados sobre suas experiências. Por meio dessa plataforma conectada, milhares de pessoas compartilham informações sobre saúde, sintomas e tratamentos, com o objetivo de gerar conhecimento. Nela, os dados fornecidos pelos próprios pacientes são coletados e quantificados, ajudando a entender as influências de diferentes estilos de vida, dados sócio-demográficos, condições e tratamentos na saúde de uma pessoa. Desta forma, além da perspectiva dos pesquisadores, profissionais de saúde e das diversas instituições que atuam na área, também podem ouvir as “vozes dos pacientes”.

De fato, a prática médica apoiada pelas tecnologias digitais pode facilitar a melhora de indicadores de saúde, como foi evidenciado pelo Dr. Richard Milani, chief clinical transformation officer da Ochsner, que identificou um melhor nível de controle pressórico, assim como maiores níveis de ativação, no processo de engajamento nos cuidados de saúde de um grupo de pacientes que foi exposto a tecnologias de apoio. Os resultados foram observados e analisados em relação a outro grupo que estava sob cuidados de saúde usuais.

Esses projetos demonstram como um ecossistema digital pode ajudar os profissionais de saúde a ter uma presença mais contínua na vida dos pacientes por meio da tecnologia. Observamos que a tendência é que as consultas e a rotina de cuidados saiam de uma abordagem episódica e que haja mais proatividade dos sistemas de saúde, identificando de forma mais célere situações que requeiram atenção diferenciada. Da mesma forma, iremos migrar para um cenário híbrido entre consultas presenciais e remotas, no qual a telemedicina ajudará a entender em quais casos o atendimento presencial realmente agrega valor ao cuidado dos nossos pacientes.