Igrejas celebram Domingo de Ramos sem fiéis em Montes Claros - Rede Gazeta de Comunicação

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Igrejas celebram Domingo de Ramos sem fiéis em Montes Claros

GIRLENO ALENCAR

O Domingo de Ramos foi comemorado de forma atípica, ontem, em Montes Claros, com as igrejas celebrando as missas, mas sem a participação dos fieis, diante da proibição do Decreto Municipal de qualquer culto  com a participação das pessoas. No domingo passado, o arcebispo Dom João Justino Medeiros tinha manifestado a esperança de que o Tríduo Pascal, que ocorrerá a partir de quinta-feira e prossegue até domingo, tivesse a autorização para receber um número limitado de católicos. Porém, depois que o governador Romeu Zema ampliou a Onda Roxa do Programa Minas Consciente até o dia 4 de abril, ele soltou uma nota no sábado, dia 27, pedindo aos fieis para praticarem a Semana Santa em casa, com a Igreja Doméstica, reunindo a família.

Ontem (27) de manhã, o aposentado Humberto Deusdará, de 67 anos, chamou a atenção de quem passava pela Praça da Matriz. Ele se ajoelhou diante da porta da Igreja Matriz e passou a fazer suas orações. Explica que é a primeira vez que fica sem participar da Procissão de Ramos, quebrando uma tradição de 20 anos. Residente no bairro Todos Santos, o fiel justifica que mantém a metodologia de todos os domingos participar das missas, para cumprir essa promessa. Mas, desde que começou a Pandemia, tem encontrado dificuldades para pagar a promessa, agravado com a dificuldade de assistir a celebração pelas redes sociais. Um grupo de cinco católicos também foi às 7 horas para a missa da Catedral Metropolitana de Montes Claros, onde ficaram na calçada para assistir a celebração pelo padre Jânio. Outros preferiram se ajoelharem na Praça Pio XII, onde fica a igreja, para a oração.

Na mensagem que postou no sábado, dia 27, o arcebispo Dom João Justino Medeiros  explica que “as últimas semanas têm sido de muita apreensão para a maioria das famílias brasileiras. Em nosso país, as vítimas fatais da pandemia da COVID-19 chegaram à casa dos 300 mil. Diversos Estados, na tentativa de conter a disseminação do vírus, tiveram de decretar toque de recolher e antecipar feriados. Em todo o Estado de Minas Gerais há proibição do exercício de atividades consideradas não essenciais e restrições quanto à circulação de pessoas. Observam-se protestos de alguns grupos, adesão de tantos outros. Para além das medidas acima mencionadas, o imprescindível processo de vacinação avança, mas de maneira muito lenta. Se não bastasse, carecemos de uma coordenação nacional, sintonizada com os estudos científicos, articulada entre os entes da federação, os poderes da República, as instituições sociais, as Igrejas e a imprensa”.

“As Igrejas aderiram à decisão de não realizar cultos abertos aos fiéis. As celebrações ocorrem com grupos muito reduzidos de pessoas e são transmitidas pelas redes sociais. Num momento tão difícil como esse, o entendimento prevalente é de que é importante colaborar para evitar qualquer possibilidade de contágio, não obstante os muitos cuidados que são tomados. Dessa forma, estimulamos os fiéis que permaneçam em casa e acompanhem as celebrações pelos meios de comunicação. Mesmo sabendo que todos nós preferimos e desejamos as celebrações presenciais, o tempo pede a prudência, o zelo e o sacrifício de abster-se, temporariamente, da presença nas igrejas”.

“Isso nos remete ao clássico ensinamento da importância da “igreja doméstica”, lugar por excelência para que os adultos na fé presidam os momentos de oração, de escuta da Palavra de Deus e de catequese. A Semana Santa em família pode ser uma experiência de grande valor para as famílias que se organizarem para celebrar os mistérios da paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo no recolhimento de suas casas, em especial, ao redor da mesa da refeição. Portanto, além de acompanhar as celebrações pelas redes sociais, esforcem-se para se reunirem e celebrarem como família”.

“Valorizemos os elementos visíveis que nos ajudam a celebrar. No Domingo de Ramos, pendure um ramo verde à porta ou janela de sua casa, para lembrar seu acolhimento a Jesus, Filho de Davi. Na Quinta-feira Santa, deixe junto à porta de entrada bacia, jarro com água e toalha, lembrança imediata do Mestre e Senhor que lavou os pés de seus discípulos. Na Sexta-feira da Paixão, na janela ou sacada, um tecido vermelho, sinal do sangue do Cordeiro que nos salvou.  No Sábado à noite e no Domingo de Páscoa, tecidos brancos, flores e velas acesas para sinalizar nossa fé no Ressuscitado. Nesses dias, ofereça para os vizinhos mais próximos um símbolo pascal: velas, flores, pães, uvas, sementes”.

“E prepare uma oferta generosa de alimentos não perecíveis para os pobres. São muitas as famílias que estão passando necessidades e até mesmo fome. Ao celebrar a Semana Santa em família, lembremo-nos daqueles que nem isso podem fazer, pois estão nos trabalhos dos hospitais, das ambulâncias, dos serviços essenciais e outros. Dirijamos, também, uma prece em favor de cada família que sente a falta de um ou mais membros à mesa, vítimas do novo coronavírus. A hora é de solidariedade com todos”.

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