Homem-formiga e a Vespa, Quantumania joga fora a essência que consagrou a franquia - Rede Gazeta de Comunicação

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Homem-formiga e a Vespa, Quantumania joga fora a essência que consagrou a franquia

ERIC ALMEIDA

Crítico de cinema

Algo que funcionou muito bem nos dois primeiros filmes da trilogia foi a falta de responsabilidade em amarrar outros projetos do MCU, que viabilizava uma história mais fechada e uma interação mais orgânica entre seus personagens já que as motivações partiam de assuntos bem pessoais – paternidade, redenção. Só que Quantumania tem a árdua tarefa de preparar o terreno para o novo grande evento da franquia e apresentar inúmeros conceitos para o público.

Acaba que isso sobrecarrega a criatividade do longa, tanto que as cenas que possuem uma melhor imersão estética são aquelas na primeira metade do filme em que o diretor insere uma tensão mais imediata causada pela presença ou pela menção do vilão Kang. São nessas pequenas passagens que o filme mais envolve, mas o descaso com os personagens limita até mesmo o elenco. O carisma de Paul Rudd até consegue sustentar em alguns momentos, mas quando lhe é exigido uma entrega mais intimidadora, ficamos até na dúvida se existe ou não uma ironia ali. Já sobre a heroína do longa, diria que é até válido considerar que a palavra “Vespa” no título se refere mais à personagem de Michelle Pfeiffer do que a de Evangeline Lilly, visto que Hope Van Dyme é quase uma segunda coadjuvante.

Os acertos de Peyton Reed na franquia se concentram na maneira em que ele articula os momentos família e as idiossincrasias da trama – o clímax do primeiro e a cena da escola do segundo são grandes exemplos disso -, mas quando o diretor tenta assumir uma abordagem mais épica e distópica, a ansiedade do cineasta gera uma avalanche de informações que parecem estar lá só para tampar possíveis furos de roteiro nessa grande trama multiversal.

Nota final: 2/ 5