O Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult-MG) e do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), anuncia que o Sistema Agrícola Tradicional dos Apanhadores e Apanhadoras das Flores Sempre-Vivas foi declarado como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais. A deliberação sobre o Registro do Sistema Agrícola Tradicional das Sempre-Vivas foi apresentada durante a 1ª Reunião Ordinária/2023 do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural (Conep), no auditório do Centro de Arte Popular (CAP).
O mecanismo de proteção permitirá a salvaguarda do sistema agrícola, que é compreendido pelo conjunto de saberes e das celebrações, rituais e expressões culturais das comunidades da porção meridional da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais. A decisão, além de ressaltar a importância cultural de práticas transmitidas por gerações, vai beneficiar cerca de 20 comunidades localizadas nos municípios de Bocaiúva, Olhos D’Água e outros cinco municípios do Estado.
O registro de patrimônio imaterial é mais uma conquista que se soma à entrega do selo de Sistema Agrícola Tradicional de Importância Mundial (Sipam), realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO). A cerimônia aconteceu em Roma, em 22/5 deste ano.
O sistema agrícola dos apanhadores de sempre-vivas é o único do Brasil a receber esse reconhecimento da FAO/ONU. A partir de agora, a região de Minas Gerais, onde a prática agrícola acontece, está ao lado do corredor Cuzco-Puño, no Peru, e do arquipélago de Chiloé, no Chile, formando a lista dos três únicos da América Latina contemplados com o selo Sipam.
Além da coleta das flores, as comunidades realizam outras atividades produtivas que garantem a complementação de renda, segurança econômica e alimentar, como roças, criação de animais e coleta de produtos do agroextrativismo, a exemplo de frutos e plantas medicinais.
Outra característica do Sistema Agrícola Tradicional dos Apanhadores de Flores Sempre-Vivas é a “transumância”, que envolve o deslocamento de grupos familiares da parte baixa da Serra do Espinhaço, onde se concentram as residências, as produções agrícolas e quintais agroflorestais e os espaços de criação, para a parte alta onde são desenvolvidas as atividades de manejo da flora nativa e a pastagem do gado, passando por um período de vivência nas lapas e ranchos das chapadas.
Esse deslocamento, feito em diferentes elevações, que vão de 600 a 1,4 mil metros de altitude, é realizado para o desenvolvimento das distintas atividades produtivas dentro do ciclo anual por toda a extensão dos territórios, o que configura um complexo sistema de conhecimentos dos diferentes ambientes naturais da cordilheira.
Para a presidente do Iepha-MG, Marília Palhares, o registro possui um significado enquanto instrumento de preservação dos saberes. “Nós acabamos de declarar o Sistema Agrícola Tradicional de Apanhadores e Apanhadoras de flores sempre-vivas como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais com inscrição no livro dos saberes. São várias comunidades que trabalham diretamente com seus territórios o cuidado com os animais, o respeito às estações do ano, mudam a transumância, não utilizam produtos químicos. O conhecimento deles é único e merece essa proteção”.
Segundo Milena Pedrosa, secretária adjunta de Cultura e Turismo, o momento de reconhecimento é de celebração. “As nossas tradições, a cultura e os povos do qual o sistema agrícola tradicional e as flores sempre-fivas são fundamentais dentro desse contexto histórico e cultural do nosso estado. Cada vez mais vamos fortalecer a salvaguarda, a proteção e promoção do patrimônio cultural imaterial. Juntos, vamos transformar o estado de Minas Gerais em gerador de emprego e renda celebrando a nossa cultura e o patrimônio. (Agência Minas)
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