Gastos com oncologia acima do teto estão sem cobertura do Estado há anos - Rede Gazeta de Comunicação

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Gastos com oncologia acima do teto estão sem cobertura do Estado há anos

Os hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado enfrentam grande dificuldade para cobrir os gastos com procedimentos oncológicos que ultrapassam o limite pactuado com a Secretaria de Estado de Saúde. O governo vem regularizando esses pagamentos, mas o passivo remonta ao ano de 2017.

A Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizou audiência nesta quarta-feira (3) para discutir o assunto. Deputados e gestores da área de saúde cobraram a revisão da tabela do SUS e repasses do Governo de Minas para ao menos fazer frente ao custo de procedimentos como cirurgias, quimioterapia e radioterapia, mesmo que a remuneração considerada ideal por cada serviço não seja alcançada neste momento.

O presidente da Comissão de Saúde e autor do requerimento para o debate, o deputado Arlen Santiago (Avante) trouxe alguns exemplos da defasagem da tabela de procedimentos. Conforme informou, o pagamento pela biópsia de mama, essencial para o diagnóstico de câncer, é de R$ 70, enquanto o custo real seria de R$ 292. Só a agulha utilizada na biópsia custa R$ 100, observou o deputado.

Os demais procedimentos seguem o mesmo parâmetro, ainda de acordo com os dados levantados pelo parlamentar: o valor de tabela das biópsias de colo uterino (R$ 18), faringe/laringe (R$19) e tireoide (R$ 23), por exemplo, não paga nem os insumos necessários.

Arlen Santiago sugeriu a inserção da oncologia no programa estadual Valora Minas, de repasse de recursos para hospitais, para a complementação dos custos de todos os procedimentos envolvidos. “A cirurgia em tempo hábil cura 60% dos cânceres”, destaca Santiago

“O extrapolamento do teto é geral, mas a oncologia em especial é para ontem”, complementou o deputado Dr. Paulo (Patri), que sugeriu uma mobilização pela recomposição da tabela do SUS que comece por Minas.

Critérios para o repasse de recursos                                       

Para o deputado Lucas Lasmar (Rede), que foi secretário de Saúde do município de Oliveira (Centro-Oeste), os critérios para o financiamento dos hospitais públicos precisam ser revistos. “Precisamos entender quais são os procedimentos que trazem prejuízo para os hospitais e para onde vai o dinheiro da saúde. Tem hospitais privilegiados por critérios políticos, e não técnicos”, afirmou, ao abordar a diferença de recursos destinados a cada instituição conveniada.

O deputado Grego da Fundação (PMN) se queixou, por sua vez, da morosidade da liberação das emendas parlamentares impositivas que necessariamente precisam ir para a saúde, o equivalente a 50% do valor total das emendas.

Receitas não dão conta de metade dos custos

Segundo Kátia Rocha, presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos de Minas Gerais (Federassantas), as receitas dos hospitais que prestam serviços públicos (repasses governamentais, incentivos e doações) cobrem, em média, 47% dos custos da alta complexidade e 44% na média complexidade.

Na mesma linha do deputado Lucas Lasmar, ela cobrou transparência da quantia recebida por cada hospital no Estado em relação à tabela do SUS, até para que seja demonstrado o nível de eficiência da administração das instituições.

Repasses do Estado devem chegar a R$ 100 milhões

Representando a Secretaria de Estado de Saúde, Gustavo Martins, superintendente de Contratualização e Processamento, informou que os aportes do governo para os gastos extrateto não eram limitados e não vinham sendo cumpridos em administrações passadas, o que gerou um passivo que vem sendo pago cronologicamente. Atualmente, estão sendo acertadas as contas relativas a 2017.

Em 2022, para a oncologia, foram repassados R$ 27 milhões. Diante da necessidade de pagamentos acima do teto na alta complexidade como um todo, ainda de acordo com o superintendente, o Estado optou por um aporte de mais de R$ 100 milhões para este fim, dos quais cerca de R$ 80 milhões já foram repassados. (Portal ALMG)