JOYCE ALMEIDA
Não é nenhuma novidade que o tabagismo é um dos principais vilões da saúde mundialmente. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de um terço da população mundial adulta é fumante, o que equivale a 1,2 bilhão de pessoas. No Brasil, essa condição abrange aproximadamente 18 milhões de brasileiros, segundo dados do Ministério da Saúde. Já em Minas, quase 20% da população é adepta ao tabagismo. Os especialistas alertam que 90% dos casos de câncer de pulmão são provocados por substâncias presentes no cigarro.
Para quem convive com o tabagismo, além dos problemas de saúde, a pessoa também sofre para se livrar do vício, como conta Valéria Almeida, 36 anos. “O vício é horrível e é muito difícil parar de fumar. Comecei aos 13 anos por curiosidade mesmo e fumo até hoje. Já pensei em parar muitas vezes, mas devido ao próprio vício, é bem difícil de largar o cigarro. Já procurei ajuda médica e cheguei a parar por um ano e dois meses”, relata.
Devido a falsa sensação de relaxamento, muitos jovens com ansiedade e estresse começam a fumar e acabam ficando dependentes, como conta Suelane Araújo. “A nicotina me acalma. Eu particularmente sou uma pessoa muito ansiosa, então se fico muito tempo sem fumar fico irritada porque fiquei dependente. Comecei com 22 anos quando me mudei de cidade. Eu morava sozinha e convivia com alguns colegas de trabalho que fumava, foi aí que comecei e não parei até então”.
Ela conta ainda que já tentou parar algumas vezes. “Por conta própria já fiquei cinco dias sem fumar, depois tive uma recaída. Ano passado eu passei por um médico especialista que me receitou adesivos de nicotina, mas eu comecei a passar muito mal. O adesivo ficava o dia inteiro agindo no meu corpo, eu acordava com ânsia de vômito, tinha dificuldade para dormir. Por isso acabei abandonando o tratamento após três dias”, relatou.
No entanto, nessa terça-feira (13), o Ministério da Saúde anunciou que vai oferecer tratamento para o tabagismo e dependência da nicotina através do Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). A medida será disponibilizada no Sistema Único de Saúde (SUS).
Conforme a publicação no Diário Oficial, a ação tem como objetivo realizar uma rede de tratamento do tabagismo no SUS, do Programa Saber Saúde, nas campanhas e demais ações educativas, além de desenvolver ambientes livres da fumaça do tabaco. As medidas deverão ser implementadas pelas secretarias Estaduais e Municipais de Saúde e coordenação nacional será do Instituto Nacional de Câncer (Inca).
O programa auxiliará a população com o cuidado integral, contemplando a prevenção da iniciação ao tabagismo e a proteção da exposição à fumaça, para evitar o consumo passivo; educação; e vigilância; e ainda com o tratamento. Ainda é previsto que os profissionais de saúde, gestores do PNCT, profissionais de vigilância sanitária, receberão qualificação para atuar no ação. Na vigilância, serão realizadas ações de monitoramento de consumo do tabaco e seus derivados, assim como de outros produtos usados por fumantes, derivados ou não do tabaco, e até de produtos ilegais.
Segundo o relatório da Organização Pan-americana de Saúde, divulgado em agosto de 2022, dos 35 países na América, em 2021, 24 adotaram medidas de proteção contra a exposição ao fumo passivo do tabaco; 22 aplicaram advertências sanitárias gráficas sobre os perigos de fumar em embalagens de produtos de tabaco; 10 possuem sistemas de vigilância com dados recentes, periódicos e representativos explicando sobre o uso de tabaco entre adultos e jovens; 6 oferecem um sistema abrangente para ajudar as pessoas a vencerem o vício; 9 estabelecem proibições totais de publicidade, promoção e patrocínio de cigarros, e ainda 3 aplicam impostos indiretos a cigarros que representam 75% ou mais de seu preço de venda no varejo. (Sob supervisão de Stênio Aguiar)
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