GIRLENO ALENCAR
Terminaram no último sábado os trabalhos da força tarefa para investigação da ocorrência de febre amarela em primatas não humanos no Norte de Minas. Durante 12 dias, os técnicos percorreram as zonas rurais de localidades limítrofes dos municípios de Ubaí e Icaraí de Minas onde, em agosto, foi constatada a morte de macacos vítimas da febre amarela. Também ocorreram epizootias em Luislândia e no distrito de Serra das Araras, no município de Chapada Gaúcha. Mosquitos do gênero Sabethes, vetor da febre amarela, e vísceras de macacos encontrados mortos em Jequitaí, Coração de Jesus e em São João do Pacuí foram enviados para análise no laboratório da Funed, em Belo Horizonte. “A prioridade da SES-MG é investigar a ocorrência de febre amarela no meio silvestre do Norte de Minas e, desta forma, os resultados dos exames tendem a sair com rapidez”, ressalta Bartolomeu Teixeira Lopes, referência técnica da Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica da SRS de Montes Claros.
Aliado ao trabalho nas zonas rurais, os técnicos realizaram reuniões com gestores municipais de saúde e com agentes de controle de endemias visando repassar orientações sobre a importância da investigação e notificação dos casos suspeitos de febre amarela, tanto em macacos como em pessoas. Também foi destacada a necessidade de mobilização da população para auxílio nas ações de vigilância ambiental. A febre amarela é uma doença febril aguda, de evolução rápida e de gravidade variável. Possui elevada letalidade nas suas formas mais graves. É transmitida por mosquitos e pernilongos infectados e não há transmissão de uma pessoa para outra.
É uma doença de notificação compulsória imediata, ou seja, todo caso suspeito (tanto morte de macacos, quanto casos humanos com sintomas compatíveis) deve ser prontamente comunicado aos gestores de saúde dos municípios em até 24 horas após a suspeita inicial. Em seguida, os serviços estaduais de saúde devem notificar ao Ministério da Saúde os eventos de febre amarela suspeitos.
No ciclo silvestre, os macacos são os principais hospedeiros e amplificadores do vírus. Já no ciclo urbano o homem é o único hospedeiro com importância epidemiológica e a transmissão da febre amarela ocorre a partir de vetores infectados, entre eles o mosquito Aedes aegypti, também transmissor da dengue, Febre Chikungunya e do Zika vírus.
Ontem a Superintendência Regional de Saúde enviou correspondência às 54 secretarias municipais de saúde que compõem a sua área de atuação, reforçando a importância da busca ativa de pessoas ainda não vacinadas contra a febre amarela. A coordenadora de vigilância em saúde da SRS, Agna Soares da Silva Menezes, ressalta que os municípios precisam fazer a busca ativa de casa em casa nas comunidades rurais. Já na sede dos municípios as secretarias devem manter o funcionamento de pontos fixos para a vacinação das pessoas ainda não imunizadas contra a doença. “Nos municípios limítrofes de onde foram encontrados macacos mortos o trabalho de vacinação da população deve ser intensificado. As localidades que necessitam de maior atenção são: Bocaiúva, Capitão Enéas, Claros dos Poções, Francisco Sá, Glaucilândia, Juramento, Lagoa dos Patos, Mirabela, Montes Claros, São João da Lagoa, Coração de Jesus e São João do Pacuí”, observa a coordenadora.
Para a vacinação contra a febre amarela as recomendações são as seguintes: criança com nove meses de vida, uma dose; crianças com quatro anos de idade, uma dose de reforço; pessoas entre 5 a 59 anos de idade, não vacinado ou sem comprovante de vacinação, uma dose. A pessoa que recebeu uma dose da vacina antes de completar cinco anos de idade está indicada a tomar uma dose de reforço, independente da faixa etária. Entre 2007 e este ano os 86 municípios do Norte de Minas aplicaram 1 milhão 593 mil 454 doses de vacinas contra a febre amarela. Os municípios integram as áreas de atuação da SRS de Montes Claros e as GRS de Januária e Pirapora.
O levantamento realizado pela SES-MG aponta que dos 54 municípios que integram a jurisdição da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, 30 localidades estão com percentual de cobertura entre 95% a 100% da população, conforme preconizado pelo Ministério da Saúde. Outros 24 municípios estão com percentuais de cobertura variando de 67,15 a 94,13% da população já vacinada contra a febre amarela. Nesse contexto, as localidades que precisam intensificar a busca ativa de pessoas não vacinadas são: Berizal, Capitão Enéas; Coração de Jesus; Espinosa; Francisco Sá; Grão Mogol; Indaiabira; Itacambira; Janaúba; Joaquim Felício; Mato Verde; Mirabela; Montezuma; Nova Porteirinha; Novorizonte; Pai Pedro; Porteirinha; Rio Pardo de Minas; Rubelita; Salinas; Santa Cruz de Salinas; Serranópolis de Minas; Taiobeiras e Verdelândia.
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