FATOS E DETALHES - Rede Gazeta de Comunicação

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FATOS E DETALHES

QUE CONGRESSO NÓS QUEREMOS?

A Câmara dos Deputados manteve o veto do ex-presidente Jair Bolsonaro ao projeto de lei que pretendia criminalizar as fake news, que são uma das maiores chagas do Brasil desde o advento das redes sociais. E não foi por pouca diferença. A quem interessa que notícias mentirosas, tradução livre do termo fake news, sejam difundidas sem punição? No mesmo dia, a Comissão de Constituição e Justiça da mesma Câmara votou favoravelmente a projeto que prevê acabar com a obrigatoriedade da vacinação infantil. Na minha opinião, estamos diante, graças a duas votações realizadas quase ao mesmo tempo, em menos de 24 horas, de um bloqueio ao avanço e de um enorme retrocesso.

QUE CONGRESSO NÓS QUEREMOS? II

O Plano Nacional de Imunização do Brasil, que já foi referência mundial, está sendo sabotado pelo negacionismo extremista. Nós já vimos o resultado disso na pandemia da Covid. Fomos proporcionalmente um dos países do mundo em que mais morreram pessoas pela doença, mais de 700 mil, no embalo de uma forte campanha anti-vacina, anti-máscara, anti-medidas sanitárias e da conclamação a tratamentos estapafúrdios sem a menor comprovação científica. Imagina a quantidade de doenças a que essas nossas crianças ficarão expostas? Sabemos o quanto os pais, sobretudo aqueles mais influenciados por igrejas fundamentalistas e sem instrução, são suscetíveis às fake-news. Estamos em 2024, senhoras e senhores. Para quem imaginava o sonhado futuro moderno e tecnológico, a Idade Média parece bater à nossa porta. Confesso que fico me perguntando: qual será a próxima? Qual é o limite de tamanho obscurantismo?

QUE CONGRESSO NÓS QUEREMOS? III

Aliás, para quem acompanha, como eu, discussões do Congresso Nacional desde a Constituição de 1988, é triste ver em que o parlamento brasileiro está se transformando. Sempre tivemos uma parcela chantagista de deputados e senadores, que muda seus votos ao sabor das benesses (cargos ou emendas) que são entregues pelo governo de plantão, porém, até há algum tempo, eles cultivavam um certo nível intelectual. Agora, além desses mercadores, somos obrigados a conviver com legisladores ignóbeis, que vivem de fazer selfie e, em vez de se preocuparem com grandes temas nacionais, estão 101% focados em apenas “lacrar” para as redes sociais. É espantoso, às vezes, ver um parlamentar desse perfil inquirindo um ministro de Estado minimamente preparado em uma reunião de alguma comissão da Câmara ou do Senado. Sempre fica parecendo o debate entre um semianalfabeto e um pós-doutor acadêmico, dada a distância intelectual e de maturidade entre as partes envolvidas. Gente, gente… Remeto à frase de Francelino Pereira, imortalizada por Renato Russo: “que país é esse?”.

COMENDA JOAQUIM NAGÔ

O Conselho Municipal e a Coordenadoria de Igualdade Racial de Montes Claros promoveram nessa quarta-feira (29), na Câmara Municipal, a entrega da comenda Joaquim Nagô a personalidades negras da cidade. Joaquim Nagô é um ex-escravizado que foi enforcado em praça pública pela aristocracia montes-clarense da época, em pelourinho localizado nas proximidades de onde hoje funciona o tradicional Café Galo. Personagem que está sendo levantado como símbolo de resistência do movimento negro por mais direitos aos pretos e pretas, ainda, em pleno 2024, tratados de maneira tão desigual na sociedade brasileira em todos os níveis. Parabéns aos organizadores desse evento tão importante. Que seja só o início de uma longa caminhada.

AUMENTO NO FPM

Prefeitos devem estar comemorando o aumento no repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) pelo governo federal. A parcela que entrou nas contas das prefeituras nessa quarta-feira (29) veio com aumento de 11% em relação ao 2023 e de 17% em relação a 2022, um reajuste expressivo, bem acima da inflação do período. Em ano eleitoral, significa um importante reforço no caixa, sobretudo dos prefeitos que estão tentando a reeleição. E não dá para falar que a medida visa favorecer politicamente A ou B, já que qualquer aumenta do FPM é linear e beneficia prefeitos de todas as matizes políticas, sejam eles lulistas, bolsonaristas ou muristas.

Pecê Almeida Júnior é jornalista e publicitário e fechou esta coluna às 14h30 de 29 de maio de 2024