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FATOS E DETALHES

CARTA ABERTA DO PROMOTOR

O promotor Guilherme Roedel, das curadorias de Meio Ambiente, de Habitação e Urbanismo, de Patrimônio Histórico e Cultural e de Conflitos Agrários de Montes Claros, divulgou carta aberta aos conselheiros do Conselho Municipal de Meio Ambiente (CODEMA). No documento, o promotor questiona o uso da palavra “desenvolvimento” no município, com uma reflexão: “afinal, encher a cidade de asfalto, de carros, motos e prédios cada vez mais altos, canalizando rios, suprimindo a vegetação e impermeabilizando a superfície, é desenvolvimento para quem?”, completando que “ao longo de sua história, Montes Claros (…) priorizou a derrubada de árvores e a extinção de áreas verdes para dar lugar a vias e empreendimentos imobiliários.”

CARTA ABERTA DO PROMOTOR II

Roedel, que é neto da musicista Marina Lorenzo Fernandez, uma das maiores montes-clarenses de todos os tempos, continua a carta dizendo que “estamos assistindo, quase inertes, a transformação de uma imensa área verde no bairro Ibituruna, ao lado do novo Fórum, em espaços para a especulação imobiliária, para concentração de dezenas de predinhos, com inevitável aumento de trânsito e para aumentar ainda mais calor.” Ele continua questionando: “Por que não um grande parque com muitas árvores, quadras, campos, bosques, um espaço público de convivência e de encontros, como ‘um aterro do Flamengo’, um ‘Central Park’”?

CARTA ABERTA DO PROMOTOR III

Na missiva, Guilherme afirma que “a Serra do Mel ou do Ibituruna (…) agora, nesse exato momento, está sendo rasgada por retroescavadeiras que abocanham o solo para comercializar cada metro quadrado a peso de ouro.” Em outro parágrafo, ele reclama: “há imensos vazios urbanos pela cidade. Terrenos gigantescos que não cumprem mínima função social, servem apenas e tão somente para a especulação imobiliária por uns poucos.” O promotor denuncia: “Essas áreas enormes por toda a cidade seguem intocáveis enquanto vemos o município desafetar áreas verdes em espaços já carentes de natureza para a construção de equipamentos institucionais”.

CARTA ABERTA DO PROMOTOR IV

Num documento contundente, Guilherme Roedel Fernandez continua questionando: “Os bairros centrais de menor valor imobiliário, não têm melhor sorte: neles, praticamente inexistem áreas verdes, com poucas exceções”. O promotor lembra que “essa semana (a que passou) foi aprovada legislação que permitirá (…) o deslocamento de áreas verdes desses bairros centrais e periféricos para próximo dos empreendimentos mais bem planejados da cidade.” Fazendo alusão à tragédia climática que assola o Rio Grande do Sul e às enchentes cada vez mais frequentes também em Montes Claros, ele faz outras perguntas: “Como seguir devastando as áreas verdes que sabidamente ajudam a absorver as águas das chuvas, e não esperar que cada vez as enchentes e inundações alcancem níveis mais altos? Como asfaltar e asfaltar ruas e avenidas, priorizando o uso de transporte em automóveis e motocicletas em detrimento do transporte coletivo e de bicicletas, e não esperar que o ar fique cada vez mais poluído?”.

CARTA ABERTA DO PROMOTOR V

Roedel finaliza: “conclamo a todos para (…) elaborar, com a urgência que o tema exige, grupos de trabalho para definir, com todos os meios possíveis, as ações que a cidade e os cidadãos devem tomar para que, quando as próximas tempestades vierem, não sejamos nós (…) aqueles que terão que enfrentar água até o teto para salvarem suas vidas.” Alerta duro de uma autoridade que tem o dever de denunciar os crimes ambientais, mas a quem não cabe a execução de ações preventivas ou mesmo o julgamento desses crimes. Seria interessante que mais pessoas e entidades da sociedade civil e classe política se irmanassem a esse importante manifesto do promotor, que aborda três temas, meio ambiente, trânsito/transporte e especulação imobiliária, que, se não tivermos políticas públicas consistentes pra eles, farão Montes Claros colapsar em breve.

DIFERENÇA DOS PARQUES

Ainda nesse assunto, é importante que a Prefeitura de Montes Claros, através da Secretaria de Meio Ambiente e dos outros setores responsáveis por isso, promova uma ação no sentido de igualar a qualidade oferecida ao cidadão nos parques da chamada zona sul e nos parques da periferia. Esses dias, estive no Parque das Mangueiras (João Botelho) e no Parque dos Mangues (Grande Maracanã) e vi que o estado de conservação e os atrativos oferecidos pelos mesmos estão muito distantes do Parque Sagarana (Ibituruna). Louvável a iniciativa de se levar parques para os bairros periféricos, porém, eles precisam ter o mesmo padrão dos parques localizados nas regiões onde as pessoas têm maior poder aquisitivo.

Pecê Almeida Júnior é jornalista e publicitário e fechou esta coluna às 13h51 de 27 de maio de 2024  

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