A Prefeitura de Montes Claros, através da Secretaria de Cultura, realizou, na noite dessa quinta-feira, 6, a abertura da exposição “Grande beleza”, em comemoração ao centenário de Konstantin Christoff.
A Galeria Cândido Canela do Centro Cultural Hermes de Paula foi transformada em uma grande sala de visitas, onde o público pode conhecer de perto, admirar e se encantar com a genialidade da obra do artista búlgaro, que chegou a Montes Claros com apenas 10 anos de idade e mudou para sempre o panorama cultural da cidade.
São 45 telas do acervo da família, que compõem as séries “Auto Retratologia” e “Oito Pecados Capitais” (o artista incluiu a omissão como mais um pecado) e estarão expostas até o dia 6 de agosto, com visitação aberta e gratuita, das 9 às 21 horas, dividindo com a cidade a exuberância da arte de Konstatin Christoff, propondo reflexões sobre seu universo, suas transgressões, seus sentimentos e sua genialidade
A solenidade de abertura da exposição “Grande Beleza” reuniu a família do artista, autoridades, artistas e apreciadores da terceira arte clássica, e contou com uma intervenção musical dos solistas Christiane Franco, Vera Alencar e Roberto Mont’Sá, além do instrumental de Carmerindo Miranda e Wesley Fagundes.
Em seu pronunciamento, o vice-prefeito de Montes Claros, Guilherme Guimarães, destacou a importância do trabalho das pessoas que fazem a arte e a cultura da cidade. “Somos uma cidade de 166 anos, com um legado artístico gigantesco, resultado da genialidade criativa de nossos artistas, que elevam o nome de Montes Claros. Celebrar o centenário do Konstantin Christoff é também uma celebração da história e da memória da nossa cidade, e precisamos apresentar essa obra genial para toda a população, para que todos possam ter acesso a essa beleza e riqueza culturais e sejam inspirados e influenciados por elas”, ressalta.
De acordo com a secretária de Cultura da Prefeitura, Júnia Rebello Velloso, a celebração do centenário de Konstantin Christoff faz parte de um projeto idealizado por João Rodrigues, seu antecessor no cargo, que criou “caixas de memórias” para celebrar os centenários de alguns vultos históricos de Montes Claros.
Segundo a secretária, a primeira caixa foi aberta para comemorar o centenário de João Valle Maurício: “nesse dia celebramos toda a montes-claridade que existe na trajetória dele. A seresta, o sobrado, a poesia, os livros, o montes-clarense autêntico e apaixonado pela terra”.
A segunda caixa de memórias foi dedicada a Darcy Ribeiro, quando “abraçamos a brasilidade, intensidade, efervescência, o pensamento fluido, inteligente e criativo de Darcy Ribeiro. Tão brasileiro, tão montes-clarense, tão nosso”.
A caixa dedicada a Konstantin Christoff, segundo Junia, não é de memórias, mas de presença. “Essa caixa é uma homenagem da cidade de Montes Claros, da Prefeitura, da Secretaria de Cultura, do Centro Cultural e de toda a classe artística montes-clarense, que valoriza, conhece, admira e quer ver sempre Konstantin entre nós, vivo, presente, intenso, da maneira mais verdadeira e incrível que possa estar. Porque hoje, com certeza, Konstantin está entre nós, através das suas telas”, conclui.
Búlgaro-montes-clarense
Convidada para apresentar o artista em nome da família Christoff, a artista plástica Felicidade Patrocínio relembrou a história de Konstantin Christoff, desde sua chegada a Montes Claros, em 1934, vindo da Bulgária em um navio cargueiro, em busca do pai fugitivo político, até se tornar um homem de realidade multifacetada, que foi horticultor, escoteiro, chargista, fotógrafo, escultor, médico cirurgião, desenhista, pintor, e que tanto desejou ser e que, segundo ela, de fato o foi, também marinheiro.
Conforme o relato de Felicidade Patrocínio, o jovem búlgaro-montes-clarense conviveu desde cedo com a arte. Primeiro com a literatura e o cinema, depois o desenho de humor e histórias em quadrinhos, e a fotografia.
Na década de 1940 mudou-se para Belo Horizonte, onde cursou Medicina, como queria seu pai, e se tornou o cirurgião-chefe da Santa Casa de Montes Claros, onde trabalhou por mais de 40 anos.
Dotado de grande genialidade artística, Felicidade conta que Konstantin não conseguiu fugir aos apelos do talento e, ao reencontrar a arte, concentrou nela sua energia.
A partir daí, percorreu o mundo da natureza, o mundo humano, e registrou tudo em telas coloridas, surgindo então das suas mãos as monumentais e polêmicas séries pictóricas: “Auto Retratologia”, “Via Sacra”, “Viagem à América” e “Os Pecados Capitais”. “Essas obras exuberantes, com desenho original e ousadia na concepção, têm o aspecto questionador que registram de maneira universal o homem moderno e pós-moderno, produto da máquina e das tecnologias da mídia, indiferente ao sentir e à ética”, avaliou Felicidade.
Estas séries percorreram algumas das maiores galerias do país e foi com uma delas, a “Via Sacra”, que ele se fez o primeiro pintor mineiro a fazer exposição individual no monumental espaço do Museu de Arte Moderna (MAM), no Rio de Janeiro.
Aos 86 anos, Konstatin foi acometido por um AVC, que lhe dificultou os movimentos e a voz. Tempos depois, foi acometido por novo AVC e, após um longo período de internação, Konstantin Christoff morreu aos 87 anos de idade, deixando para nós um legado de cores, formas e sentimentos.
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