Ensino técnico deve observar demandas do mercado, aponta debate - Rede Gazeta de Comunicação

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Ensino técnico deve observar demandas do mercado, aponta debate

Conciliar um programa de ensino técnico e profissional com as atuais demandas do mercado, investindo na atração, manutenção e requalificação constante do jovem, além da criação de um sistema nacional de avaliação dessa política de estado foram algumas das ideias defendidas por especialistas e senadores durante audiência pública nesta quinta-feira (6). O debate foi promovido pelas Comissões de Direitos Humanos (CDH) e de Educação e Cultura (CE) para debater políticas e perspectivas para a ampliação da oferta de cursos técnicos e profissionalizantes no Brasil. 

Egresso do ensino técnico, o senador Paulo Paim (PT-RS) destacou a importância de se investir nesse tipo de aprendizagem por se constituir uma porta de acesso fácil ao mercado de trabalho. Para ele, esse método auxilia não apenas na transformação da vida dos estudantes, mas também na promoção do desenvolvimento econômico e social do país. 

“Eu mesmo vim da educação profissional e tenho muito orgulho disso. (…) O ensino profissionalizante transforma vidas. O ensino técnico é vertente de novos conhecimentos, de novas tecnologias, pesquisa, capacitação para o trabalho, de combate ao desemprego, é instrumento de combate aos preconceitos e diminuição da violência”, observou. 

De acordo com o senador, os países desenvolvidos registram altas taxas de matrículas de jovens nesses tipos de cursos. Como aponta um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) de 2019, a Alemanha possui 89% de seus jovens matriculados em cursos técnicos, a Holanda registra 98%, a Itália, 80% e a França, 96%. 

A representante do Fórum Nacional das Mantenedoras de Instituições da Educação Profissional e Técnica (BrasilTec), Cleunice Matos Rehem, manifestou preocupação com o que chamou de “apagão de mão de obra técnica no Brasil”.  Ela informou que o Brasil possui atualmente cerca de 2,7 milhões de alunos no ensino técnico enquanto outros 12,5 milhões não estão matriculados e não trabalham, o famoso público “nem-nem”. Cleunice citou dados que indicam que a taxa do desemprego entre os jovens no Brasil é de 28%. Ela lembra ainda que 81% das empresas revelaram, em 2022, não conseguir preencher vagas para o nível técnico porque “falta qualificação profissional”. Para ela, é preciso cada vez mais adaptar políticas, estratégias e metodologias à realidade do mundo do trabalho. 

“A pesquisa indica uma previsão de apagão de mão de obra técnica no Brasil já a partir do final deste ano. Então, nossas autoridades públicas precisam efetivamente estar atentas para começarmos a interferir na ascensão desse problema”, alertou. 

Avaliação e qualificação

Na avaliação da representante do Fórum Nacional de Educação (FNE), Luzia Matos Mota, para que um programa de incentivo a profissionalização dos jovens seja efetivo é necessária a criação de um sistema nacional continuado de avaliação permanente dessa política e que tenha a capacidade de integrar todos os atores que devem participar das ações. Para ela, pelo menos 11 ministérios devem fazer parte da política integrada, priorizando, entre outras ações, a manutenção e expansão de novos institutos profissionalizantes, visando o interior do país, sem esquecer de focar nas políticas afirmativas no sentido de combater as desigualdades sociais, de raça e de gênero. Atualmente existem 700 campi de instituições da rede federal. 

“Porque mudam-se os nomes dos programas, mudam-se os nomes dos gestores e executores, os recursos para a implementação mas no final das contas o acompanhamento aos egressos, para saber como esses cursos os ajudaram, fica um pouco aquém do que nós podemos fazer”, disse ela ao defender a avaliação continuada. (Agência Senado)