Egressos do sistema prisional de Montes Claros se formam em curso de Eletricista Predial - Rede Gazeta de Comunicação

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Egressos do sistema prisional de Montes Claros se formam em curso de Eletricista Predial

Estudar, se especializar, ter uma profissão. O sonho de muitos pode se tornar um empecilho para alguns quando se é egresso do sistema prisional. Mas não para 16 ex-detentos de Montes Claros, no Norte de Minas. Durante oito meses, o grupo participou do curso Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão. A formatura aconteceu na noite de ontem (29), no auditório do campus do Instituto Federal do Norte de Minas (IFNMG).

O treinamento faz parte do projeto Alvorada, criado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), em parceria com os institutos federais de educação, e possui como objetivo proporcionar àqueles que saem dos presídios e penitenciárias novas possiblidades de educação e trabalho, mudando, desta forma, suas trajetórias e evitando que voltem a cometer novos crimes. Em Montes Claros, o projeto foi executado pelo IFNMG em parceria com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), por meio do Programa de Inclusão Social de Egressos do Sistema Prisional (PrEsp), que faz parte da Subsecretaria de Prevenção à Criminalidade (Supec).

Com histórico no tráfico de drogas e com a família com grande envolvimento na criminalidade, José Henrique Pimenta, 44 anos, viu a vida mudar após o início do treinamento. De uma pessoa arredia para um dos melhores alunos. Ele não perde uma aula e já tem inclusive alguns clientes. “Eu não tenho nem palavras para falar o quanto esse curso foi importante para a minha vida. Antes, aos olhos da sociedade eu não era ninguém. Agora eu tenho uma profissão, a capacitação me tirou do tráfico de drogas”, celebra.

Ao longo de todo o período, os estudantes aprenderam conceitos como Eletricidade Básica, Projetos e Instalações Prediais, Execução de Projetos Elétricos, Empreendedorismo e Inovação, Informática, além de Matemática, Língua Portuguesa e outros. O treinamento contou com 500 horas/aulas e outros três meses chamados de incubação, em que os alunos puderam escolher entre empreendedorismo com a autogestão, ou seja, atuação como autônomo, ou estágio supervisionado.

Eles receberam ainda, durante os oito meses, uma bolsa mensal, além de uma ajuda de custo para a compra de um kit de ferramentas para eletricistas, uma forma de contribuição para a qualificação do trabalho.

“O projeto Alvorada evidenciou o quanto é potente e transformador o trabalho no enfrentamento às vulnerabilidades relacionadas a processos de criminalização por vezes agravados pelo aprisionamento”, destaca Vanessa Alves, gestora social das Unidades de Prevenção à Criminalidade de Montes Claros. “Houve acolhimento, vinculação, afeto, inclusão, transformação. Nos atendimentos e grupos reflexivos realizados pelo PrEsp fomos percebendo gradativamente um reposicionamento por parte dos participantes, a escolha de novos caminhos e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários”. (Agência Minas)