MARCELLA ROCHA DE OLIVEIRA
Advogada trabalhista, pós-graduada em Direito e Processo do Trabalho
Todo mundo sabe da importância do trabalho da enfermagem no dia a dia das pessoas, no ambiente hospitalar ou fora dele, não há quem negue que os serviços dessa categoria profissional são essenciais na área da Saúde. Você deve estar aí do outro lado da tela concordando comigo. Então, a pergunta que eu não encontro resposta é: por que não valorizamos adequadamente os enfermeiros, técnicos e os auxiliares de enfermagem?
Nesse texto eu vou mostrar alguns dados que confirmam essa falta de reconhecimento, mostrar como vem sendo tratado os problemas que atingem essa classe quando eles chegam na Justiça e, por fim, quero abordar uma iniciativa que busca mudar essa realidade.
Antes de ler todos os números que eu trouxe, quero que você pense nas vezes que precisou contar com um algum profissional da enfermagem, quando uma pessoa amada esteve em situação de fragilidade em um hospital, ou precisando de ajuda para coisas rotineiras do seu cotidiano, como tomar banho. Como você gostaria de ver a disposição desse trabalhador? Qual o nível de atenção que seria ideal ele ter? Acredito que o máximo possível, não? Agora entenda a realidade.
Em 2020, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) divulgou o número de profissionais ativos registrados nos Conselhos Regionais de Enfermagem de todo o País. São 2.283.808 profissionais, sendo 558.318 enfermeiros, 1.307.680 técnicos de enfermagem e 417.519 auxiliares de enfermagem. Isso garantiria um profissional para cada 90 brasileiros. Só isso seria pouco, mas piora.
Quase todos eles trabalham em mais de um lugar. São hospitais (em seus diversos setores e alas), ambulâncias, postos de saúde, clínicas e unidades de pronto atendimento (UPAs), serviço domiciliar e mais tantos outros lugares.
Responsáveis pelo contato direto e permanente com quem está enfermo, correndo riscos de serem expostos a doenças, eles precisam lidar com tudo aquilo que vem junto nesse processo, como as fragilidades, medos, ansiedades e desconfortos alheios que surgem quando adoecemos. Como manter a cabeça saudável em situações assim? Sem tempo para descansar direito, por precisar correr de um trabalho para outro e depois outro?
Em geral, o déficit de trabalhadores, elevada carga horária aliada ou não com a baixa remuneração, os muitos empregos, plantões, a falta de reconhecimento, problemas com equipamentos e materiais, postos de trabalho inadequados, locais destinados para repouso e alimentação inapropriados são alguns dos gatilhos que geram transtornos mentais ao longo da vida dessa classe profissional.
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