IGOR MACEDO DE LUCENA
Economista e empresário, Doutorando em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa
Quando o Reino Unido devolveu a colônia de Hong Kong para a China, em 1997, sabia que após 50 anos do acordo, em que, em tese, a China não se intrometeria no sistema de governo local, o que ficou conhecido como “Um país, Dois Sistemas”, haveria sérios problemas para os hongonkers.
Entretanto, o problema eclodiu mais cedo, principalmente quando estudantes e líderes políticos locais, sentindo uma opressão cada vez maior de Pequim, começaram movimentos políticos e manifestações a partir de 2014, principalmente com a “revolta dos Guarda-Chuvas” e com os protestos de 2019 e de 2020.
Pequim sempre influenciou a região de Hong Kong com políticos aliados, partidos manipulados e jornais comunistas, entretanto sempre respeitou as eleições locais, os resultados eleitorais e a Lei Básica de Hong Kong, que era baseada em princípios democráticos, na tripartição dos poderes e nos direitos individuais.
Tudo isso mudou quando os protestos de 2019 e de 2020 ganharam cada vez mais as ruas, fazendo com que a cidade de Hong Kong e seus moradores, cansados das intromissões de Pequim e sentindo que seus direitos estavam cada vez mais ameaçados, começaram uma campanha visando à real independência da cidade. A situação ficou fora do controle da polícia local, e a líder da cidade Carrie Lam se mostrou incapaz de responder aos anseios da sociedade, principalmente por sua ligação íntima com Xi Jinping.
A situação ficou tão séria que Pequim preparou um ataque militar à cidade, o que foi considerado pela Inglaterra uma ‘quebra’ do acordo de devolução, o que levaria o ocidente a ver Pequim como um agente que não honra seus acordos. Então, os Chineses recuaram nessa iniciativa, contudo adotaram uma abordagem de política interna com a aprovação da Lei de Segurança Nacional de Hong Kong.
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