Dois acusados de participar da morte de advogado criminalista vão a júri popular - Rede Gazeta de Comunicação

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Dois acusados de participar da morte de advogado criminalista vão a júri popular

Dois dos cinco acusados de participação no assassinato do advogado criminalista Alexandre Mauro Barra estão sendo julgados, nesta quinta-feira (16). O crime ocorreu em dezembro de 2022 e o corpo da vítima foi encontrado concretado no quintal de uma casa

A sessão de júri popular começou por volta das 10h30 no Fórum Gonçalves Chaves e o Conselho de Sentença é formado por sete jurados, seis mulheres e um homem.

Todos os cinco envolvidos permanecem presos e são julgados, nesta quinta, os acusados: Edson Gonçalves de Assis e Thiago Silva Vieira. Eles foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio triplamente qualificado.

Segundo o Ministério Público, os outros três acusados aguardam julgamento de recurso no Tribunal de Justiça de Minas Gerais.

A denúncia apresenta pelo MP mostra que o réu Edson Gonçalves de Assis Filho tinha uma dívida de cerca de R$ 200 mil com o advogado e o crime ocorreu na casa dele. O outro investigado Thiago Silva Vieira não tinha débito com a vítima e aceitou participar do crime com uma promessa de receber uma quantia em dinheiro, segundo as investigações.

Familiares e amigos acompanham a sessão de júri com camisas estampadas com o rosto da vítima e com os dizeres: “Justiça por Alexandre”.

“Estou pedindo forças a Deus há muito tempo para vir aqui [júri] neste momento e creio que Deus está comigo e vai me dar forças para aguentar. É uma dor muito forte, até hoje o luto não passou e não passa. É muito doído perder uma pessoa de uma forma tão cruel e covarde. […] Tenho certeza que eles serão condenados e a Justiça será feita”, falou a mãe da vítima, Rejane de Oliveira, antes do início do julgamento.

Em entrevista à Inter TV, a advogada de defesa do réu Edson Gonçalves de Assis Filho, Cleane Rocha, confirmou que a motivação do crime foi agiotagem e disse que a defesa também busca por justiça com um trabalho técnico e de respeito.

Já o advogado Emerson Cordeiro, que defende Thiago Silva Vieira, afirmou que seu cliente não teve envolvimento no homicídio e acredita na sua inocência.

“Ele estava na casa (onde ocorreu o crime), mas não participou do homicídio, não teve a conduta para que acontecesse aquele crime. […] A conduta dele não é compatível para o resultado morte”.

As investigações da Polícia Civil constataram que a morte do advogado criminalista, Alexandre Mauro Barra, de 34 anos, foi arquitetada por um amigo íntimo dele.

O advogado desapareceu no dia 13 de dezembro e foi morto na mesma data após ser atraído, pelo amigo, para o local do crime uma casa no bairro Carmelo. O corpo dele foi encontrado concretado no quintal de uma residência, no bairro Independência, no dia 19 de dezembro.

“Ele foi atraído por meio de emboscada pelo seu amigo até uma residência localizada no bairro Carmelo. Chegando na casa, o advogado foi rendido com o seu amigo, mas na verdade essa rendição era uma simulação. Porque depois que colocaram um pano na cabeça da vítima, o amigo ajudou também na execução do crime. […] Na casa já estavam presentes mais três pessoas envolvidas no crime. Colocaram um cinto no pescoço dele [advogado] e ele foi enforcado”, disse a delegada Francielle Drummond durante entrevista coletiva, realizada no dia 18 de maio.

A delegada explicou que após matar a vítima enforcada, o corpo foi arrastado pela escada da casa, que tinha dois andares, e foi colocado no porta-malas de um carro e levado para a outra casa, onde foi enterrado e concretado.

O laudo preliminar do Instituto Médico Legal apontou que a causa da morte teria sido traumatismo craniano, mas as investigações constataram que os ferimentos na cabeça foram causados após a morte no momento em que o corpo era arrastado pela escada.

As investigações concluíram também que o crime foi planejado e motivado por conta de agiotagem.

“A motivação do crime está relacionada com agiotagem já que o amigo pessoal da vítima intermediava todos os empréstimos com juros abusivos. Ele pegava o empréstimo com a vítima a juros de 10%, 20% e repassava para outros devedores a juros maiores de 40%. Ele foi o responsável por influenciar todos os outros envolvidos a criar a ideia de matar a vítima e com isso, teriam redução de dívidas e abatimentos de juros. Com isso, ele poderia ficar com todos os valores devidos à vítima naquele momento. […] Ele era o maior interessado na morte, como negociava todos esses empréstimos, ele conhecia todo mundo que era devedor da vítima. Então matando, ele continuaria a receber todos esses valores”, falou a delegada.

De acordo com o Ministério Público, o amigo fez com que os envolvidos acreditassem que a vítima era “pessoa perigosa, que advogava para grandes criminosos e que mandava matar quem não o pagasse. Além disso, dizia que, com a morte da vítima eles teriam redução dos valores devidos”.

Nenhum dos investigados tinham relação direta com a vítima e todos os empréstimos eram negociados por intermédio do amigo. Consta na denúncia do Ministério Público que após o crime, os dois réus que estão sendo julgados, foram até a casa da vítima em busca por dinheiro e subtraíram joias.

A delegada Francielle Drummond detalhou a cronologia do crime durante a entrevista coletiva realizada no mês de janeiro.

12/12 – Os cinco envolvidos se reuniram para planejar o crime e individualizar a conduta de cada um. A ideia começou a ser arquitetada há dois meses.

13/12 às 10h – Vítima desaparece e é levada para a casa, no bairro Carmelo, onde ocorreu o crime.

13/12 por volta das 11h30 – Corpo do advogado é levado para uma outra residência, no bairro Independência, onde é enterrado no quintal.

13/12 durante a noite – Os suspeitos contrataram pedreiros que concretaram o quintal da casa. A PC constatou que os pedreiros não têm envolvimento com o crime.

14/12 – Carro do advogado é encontrado em um motel em Contagem e a polícia identifica dois homens que levaram o veículo.

16/12 – Um dos homens que levou o carro para Contagem – motorista de aplicativo- foi vítima de tentativa de homicídio, em Montes Claros. A motivação foi queima de arquivo. As investigações apontaram que este homem tinha uma dívida de cerca de R$ 40 mil com a vítima e também participou do crime. Ele está entre os cinco presos.

16/12 – Três homens foram presos pela tentativa de homicídio contra o motorista de aplicativo. Posteriormente, a polícia concluiu que eles também tinham envolvimento na morte do advogado.

19/12 – Três dias depois, o corpo do advogado foi encontrado concretado no quintal de uma casa. Foi através desta ocorrência de tentativa de homicídio que a polícia conseguiu chegar até o local após o motorista indicar quem seriam os agressores e um deles contou onde o corpo estava.

29/12 – A prisão do último envolvido, que estava foragido, foi realizada no bairro São Jorge, em Uberlândia por volta das 15h do dia 29.

(G1)