Diversidade é essencial para o crescimento da empresa e dos colaboradores, mas esse valor não pode apenas ficar no discurso (parte 2) - Rede Gazeta de Comunicação

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Diversidade é essencial para o crescimento da empresa e dos colaboradores, mas esse valor não pode apenas ficar no discurso (parte 2)

NIVIANI RUDEK

Diretora de operações da Gateware

Em alguns casos, as empresas precisarão atuar na capacitação e preparação de alguns desses profissionais, mas a longo prazo isso será extremamente benéfico não apenas para o colaborador. Se uma empresa atua diretamente para a evolução desse colaborador no ambiente de trabalho o resultado será uma pessoa motivada com as oportunidades e, para a empresa, isso significará a descoberta e retenção de novos talentos em seus quadros. Em um mercado como o da tecnologia, em que a mão de obra tem se tornado cada vez mais escassa, isso poderá fazer toda a diferença no futuro.

Mas com a consciência de que a diversidade é um fator importante, é preciso fazer um outro alerta. Muitas empresas se dizem preocupadas com as causas sociais, mas o que se percebe é que há um descolamento entre o discurso e a prática. O caso do assassinato de um negro cometido em novembro de 2020, no Carrefour, uma empresa que contava com comitês de inclusão e diversidade, foi o caso mais emblemático nesse sentido. A pesquisa da Mais Diversidade apontou que 65% das empresas não tem um pensamento estratégico que direcione às práticas voltadas a essa questão. O grande problema é que muitas empresas visam implementar políticas de diversidade por meio de seu Departamento de Recursos Humanos, mas, como não há uma cultura favorável ao tema na empresa, muitas ações não surtem o efeito esperado. Um estudo do site Vagas.com mostrou que, para 62% dos profissionais de RH, suas empresas não estavam preparadas para lidar com o tema.

O resultado disso é o enfraquecimento e o fracasso das políticas propostas. Afinal, sem que o tema esteja incluído verdadeiramente no DNA da empresa tudo fica mais difícil. A concepção de cada funcionário sobre uma empresa se dá pela combinação entre o ambiente e o conjunto de suas crenças pessoais, criando uma visão única para cada pessoa. Para que mais pessoas se sintam incluídas nesse ambiente, a diversidade é um valor de grande importância e sua necessidade tem que ser reconhecida e valorizada pelos líderes. A começar pelo próprio presidente e diretores da empresa.

Para isso, é preciso implementar um processo real de gestão de mudança organizacional (GMO), conduzido por pessoas de fora da empresa e que visa transformar a cultura e a incorporar conceitos essenciais de transformação. Essa gestão acontece através de um projeto estruturado, com metas, atividades, cronograma e objetivos bem definidos, que permitirá identificar as motivações e queixas dos funcionários entre os mais e menos envolvidos com a empresa e buscar a resolução de problemas. Para isso, serão trabalhadas políticas de comunicação para fazer com que medos, inseguranças e frustrações sejam enfrentados. No contexto atual, a busca pela adaptabilidade se torna uma capacidade cada vez mais essencial e é isso que a gestão de mudanças procurará despertar na cultura da empresa.

O objetivo final é que haja uma transformação no ambiente da empresa, buscando o engajamento e a conscientização dos colaboradores. Fazê-los entender que as diferenças não vêm para desagregar, desmotivar ou prejudicar determinada pessoa e sim promover um processo de transformação benéfico para todos. Vivemos em uma sociedade multicultural e as empresas que entendem e incorporam esse conceito de fato entendem a realidade onde atuam e se diferenciam no mercado. E os profissionais envolvidos nesse processo também se transformam, se tornam mais tolerantes, agregadores e obtêm melhores resultados.