NIVIANI RUDEK
Diretora de operações da Gateware
Nos últimos tempos, você pode ter ouvido muito falar sobre temas relacionados à diversidade, especialmente por conta da luta por direitos para as minorias e o combate ao racismo, homofobia e outros preconceitos. O debate sobre a importância de contar com um ambiente inclusivo ultrapassou as barreiras da sociedade de modo geral e chegou ao ambiente corporativo nas pequenas e grandes empresas.
O tema ganhou grande espaço na mídia com a notícia de que a Magazine Luiza só selecionaria negros para a sua próxima etapa de seu programa de trainee. Apesar de gerar algumas polêmicas, a decisão foi celebrada como uma tentativa de aumentar a presença de negros no mercado de trabalho e em cargos de liderança. Esse é um movimento que vem ganhando cada vez mais força e deve se tornar uma condição essencial para que as empresas se mantenham competitivas no mercado nos próximos anos. Um estudo da consultoria Mais Diversidade, publicado pela revista Você RH, apontou que 97% das empresas pesquisadas pretendem ampliar o orçamento direcionado para a diversidade em 2021. Mas por que isso é algo tão importante e como fazer com que, de fato, a empresa incorpore a diversidade em seu DNA?
O primeiro fator de grande importância é que uma equipe diversa, que conte com pessoas de diferentes formações, experiências, idades, classes sociais, culturas e raças, é mais produtiva. Você combina diferentes possibilidades de solução para um problema e consegue um resultado completo e viável e, a depender do projeto, mais rápido e rentável. Uma pesquisa da consultoria McKinsey apontou que empresas com equipes plurais alcançam resultados até 21% maiores em relação àquelas em que tal fator não é prioridade. E não apenas isso. A diversidade pode causar impactos profundos a ponto de oferecer à empresa uma mudança de posicionamento, de atuação ou da criação de novos produtos e serviços.
O segundo fator também diz respeito aos benefícios para a própria empresa. Lutar por diversidade e inclusão se tornou um fenômeno global tão valorizado que o indicador ESG (que aponta para a valorização a questões, ambientais, sociais e de governança), está se tornando essencial para a realização de negócios. O banco Goldman Sachs, a bolsa de valores Nasdaq e a Comissão de Valores Imobiliários (CVM), ainda em etapa inicial, já consideram o indicador como um elemento decisivo para as negociações nas empresas.
Mas não há como deixar de abordar o fator social envolvido nessa questão. Incluir na cadeia de trabalho populações que sofrem com a exclusão, seja por conta de sua raça, opção sexual, sexo, nacionalidade ou condição social significa corrigir uma injustiça social que ainda persiste no país. São fatores políticos, econômicos, sociais e até mesmo crenças pessoais e preconceitos por parte de quem está no controle dessas empresas que impedem milhões de pessoas de progredir em suas carreiras. É preciso encarar essas mudanças como um propósito e um compromisso com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Para além dos benefícios financeiros e comerciais, investir em diversidade significa contribuir para um mundo menos desigual e, consequentemente, melhor para todos. Com uma conscientização no cenário corporativo em relação ao tema e ao colocá-lo como um de nossos propósitos, o mundo só tem a ganhar.
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