Gregório José
Jornalista/Radialista/Filósofo
Cabelos brancos, sabedoria oculta. Este poderia ser o título deste texto baseado no que a competente Ester Morgan apresenta como uma reflexão crucial sobre a percepção limitada que persiste nas práticas de recrutamento em relação à idade, destacando a discrepância entre a realidade do envelhecimento da população e as práticas ultrapassadas do mercado de trabalho. Seu relato destaca a contradição entre a expectativa de vida em constante aumento e a persistente preferência por candidatos mais jovens. Também poderia utilizar a frase “A capacidade de trabalhar não tem idade” ou ainda, “Desmistificando rótulo de trabalho”; “O etarismo na contratação de um profissional” e tantos outros.
O cerne da crítica reside na falha em reconhecer que a idade não é um indicativo preciso da capacidade, energia ou comprometimento de um profissional. Ao ressaltar a importância de avaliar candidatos com base em suas habilidades, experiência, resiliência e outras competências relevantes, Morgan questiona a validade de critérios como a idade para determinar a aptidão de um profissional.
A metáfora visual utilizada por Morgan, comparando cabelos brancos, rugas e alguns quilos a mais aos desafios enfrentados pelos mais jovens, destaca a necessidade de superar estereótipos baseados na aparência física. Assim como as espinhas em uma pessoa jovem não indicam falta de capacidade de aprendizado, características externas associadas à idade não devem ser usadas como critério exclusivo para decisões de contratação.
A chamada de atenção para a diversidade geracional como um desafio a ser vencido ressoa como um apelo necessário. A noção de que uma equipe mista, composta por diferentes faixas etárias, pode trazer uma variedade valiosa de perspectivas e habilidades é crucial para o progresso das empresas. A autora destaca a importância de abrir a mente para romper com estigmas como “jovem demais” ou “velho demais”, ressaltando que o verdadeiro critério deveria ser a vontade de trabalhar e contribuir.
A conclusão de que o prazo de validade profissional deve ser determinado por indivíduo, e não recrutadores, é um ponto de vista libertador. Ester Morgan instiga as empresas a repensarem seus processos de seleção, sugerindo que a verdadeira medida de sucesso deveria ser a capacidade de um profissional em contribuir efetivamente, independentemente da idade. Ela não apenas aponta as falhas nas práticas de recrutamento, mas também destaca a necessidade de uma mudança cultural e de mentalidade nas empresas para abraçar a diversidade geracional, reconhecendo e valorizando o potencial de profissionais de todas as idades.
Aristóteles em sua “ética a Nicômaco” discute a ideia de maturidade como uma virtude que se desenvolve ao longo da vida. Para ele, a maturidade não está simplesmente atrelada à idade cronológica, mas sim à capacidade de desenvolver o intelecto prático e o discernimento moral ao longo do tempo. Nessa perspectiva, um profissional mais experiente poderia ser considerado mais maduro, trazendo consigo uma sabedoria acumulada ao longo de sua jornada profissional.
Por outro lado, o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre poderia contribuir com uma crítica à noção de idade como critério de avaliação. Para Sartre, a essência precede a existência, o que significa que a idade cronológica não define a essência de um indivíduo. Para o filósofo alemão Friedrich Nietzsche, o conceito de “eterno retorno” sugere que cada momento da vida, independentemente da idade, deve ser abraçado e vivido com plenitude. Sob essa luz, a idade não limita a capacidade de contribuição ou de crescimento pessoal e profissional, mas sim a disposição do indivíduo para se reinventar e se superar constantemente.
Ao integrar essas perspectivas filosóficas à discussão levantada por Ester Morgan, enriquecemos a compreensão da questão da idade no ambiente de trabalho. A maturidade, a sabedoria acumulada ao longo do tempo, a singularidade da existência de cada indivíduo e a capacidade de superação transcendem as categorizações simplistas baseadas na idade cronológica. Devemos, assim, repensar nossos preconceitos e estereótipos em relação à idade, estamos não apenas promovendo a justiça no mercado de trabalho, mas também honrando a complexidade e a riqueza da experiência humana em todas as suas fases.
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