GIRLENO ALENCAR
O Serviço Geológico do Brasil e a Agência Nacional de Águas (ANA) lançaram traçadores corantes no rio Verde Grande, na comunidade de Peri-Peri, no município de Montes Claros, em Minas Gerais, para investigar o trajeto da água do rio por meio do corante artificial inofensivo. Para acompanhar o curso da água, pesquisadores do SGB-CPRM diluíram no rio, um corante, usado como traçador. De cor verde fluorescente, pode ser identificado visualmente a olho nu e detectado por meio de análise de amostras quando muito diluído. O traçador utilizado é específico para pesquisa de águas subterrâneas, totalmente inerte e não tóxico. O corante não causa nenhum tipo de dano a seres humanos, animais ou ao ecossistema. Portanto, a iniciativa visa verificar para onde vão as águas do Verde Grande que “desaparecem” em determinados pontos do rio.
Para a pesquisadora em Geociências Maria Antonieta Mourão, o desenvolvimento das atividades econômicas e a expansão urbana, associados à baixa disponibilidade de recursos hídricos superficiais têm promovido conflitos pelo uso da água. “Tais empecilhos foram agravados pela redução das chuvas a partir do ano de 2013. Assim, o uso da água subterrânea passou a aumentar, como reflexo das reduções das vazões dos rios. No entanto, a utilização intensa da água subterrânea pode impactar ainda mais os cursos da água, em função da forte conexão existente entre as águas superficiais e subterrâneas.”, destaca a pesquisadora.
A geóloga da Coordenação de Águas Subterrâneas da ANA, Márcia Pantoja, aponta, também, que o projeto busca elaborar um normativo conjunto entre as entidades responsáveis pela gestão de recursos hídricos da região: “O levantamento técnico e as investigações realizadas no projeto são de suma importância para embasar o normativo e as conclusões sobre essas águas”. Trata-se de uma das etapas de um estudo multidisciplinar que o SGB-CPRM está executando na bacia do rio Verde Grande, com o objetivo de conhecer a dinâmica hídrica, as relações entre as águas subterrâneas e superficiais e as disponibilidades dos recursos hídricos, confrontados com os usos atuais e futuros.
O Projeto Verde Grande, presente em quatro municípios mineiros da bacia do rio Verde Grande – Montes Claros, São João da Ponte, Verdelândia e Jaíba –, visa descobrir a trajetória das águas que partem ou chegam no rio Verde Grande, a fim de garantir água disponível a todos no futuro. Os resultados dos estudos permitirão a implantação de um sistema de gestão integrada de água superficial e água subterrânea, que assegure a implementação sustentável da água para diferentes usos. A bacia do rio Verde Grande é um afluente da margem esquerda do rio São Francisco e possui área aproximada de 30 mil km2, abrangendo os estados de Minas Gerais e da Bahia e, portanto, representa uma bacia federal. Ela se destaca pela produção agrícola, realizada predominantemente pela irrigação. Existe também um importante polo industrial e urbano que é a cidade de Montes Claros, com cerca de 400 mil habitantes.
