Convertendo uma economia extrativista numa bioeconomia do conhecimento - Rede Gazeta de Comunicação

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Convertendo uma economia extrativista numa bioeconomia do conhecimento

JOSÉ OWALDO SIQUEIRA

Conselheiro do Fórum do Futuro e Professor Emérito da Universidade Federal de Lavras

A Amazônia representa a maior fronteira global de recursos naturais tropicais, destacando-se pela vasta extensão territorial, florestas, rios, riqueza de biodiversidade e de recursos minerais. Além de ser um capital natural de valor econômico inestimável, esse bioma tem papel importante na regulação do regime de chuvas em outras regiões do Brasil e nas mudanças climáticas globais. Por isso é mandatório sua preservação. Por outro lado, a Amazonia tem uma população estimada em 28,1 milhões de pessoas, que em sua maioria vive em situações precárias de segurança alimentar, saúde, educação e moradia, conferindo a região, índices de desenvolvimentos muito baixos em relação ao restante do Brasil.  Em se tratando de desenvolvimento, o grande potencial econômico da região se contrasta com a pobreza generalizada lá existente. Amazonia é então um grande paradoxo e um enorme desafio, sem dúvidas o maior que o Brasil terá de enfrentar no século XXI. Encontrar maneiras razoáveis de reduzir a pobreza, enquanto preserva a floresta e sua biodiversidade é uma necessidade urgente e; alicerçado nos princípios da sustentabilidade, temos de transformar os abundantes recursos naturais em bens econômicos com geração de valores compartilhados. O Projeto Biomas busca converter a economia extrativista lá instalada em uma economia do conhecimento da vanguarda tecnológica e de gestão avançada, que seja capaz de atrair investimentos inovadores e sustentáveis para a região.

O ponto de partida de todas as iniciativas do projeto, é a preservação da floresta, transformando esse legado da natureza em desenvolvimento sustentável, que seja instrumento de inclusão social e de geração de emprego renda para os 28,1 milhões de amazônidas. O foco dos projetos  deve também promover a recuperação dos 30 milhões de hectares de pastagens degradadas e  desenvolvimento econômico regenerativo e de baixo carbono.

Apesar de conter a maior biodiversidade e 1/3 da vegetação tropical do Planeta, contando com centenas espécies nativas já “domesticadas” e em uso (245 espécies vegetais para cosméticos e fármacos e 469 cultivadas em sistemas agroflorestais), os produtos amazônicos “compatíveis com a floresta” respondem por menos de 0,2% das vendas internacionais desses produtos, um mercado global estimado em US$ 200 bilhões anuais. Os produtos da bioeconomia da Amazonia tem um enorme mercado potencial ainda inexplorado. Para melhorar esta atividade econômica e ampliar esse mercado, os produtores precisam ter acesso ao conhecimento sobre seus produtos e técnicas adequadas de produção e manuseio, inteligência de mercado e arranjos pre-competitivos. Os produtos florestais não madeireiros e os ativos biológicos da biodiversidade da Amazonia, representam a plataforma de alavancagem de uma Bioeconomia Tropical Sustentável que oferece: a) um enorme potencial de verticalização da biodiversidade; b) um portifólio diverso de produtos naturais saudáveis, bioinsumos e serviços ambientais; e c) oportunidades de inovações em áreas que vão da produção de energia á fármacos; de fitoterápicos a cosméticos.