Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) confirmou a paralisação dos caminhoneiros para a próxima segunda-feira - Rede Gazeta de Comunicação

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Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) confirmou a paralisação dos caminhoneiros para a próxima segunda-feira

A expectativa é que cerca de 1,2 milhão de trabalhadores do setor de transporte, entre autônomos e celetistas, participem do movimento nos 22 estados brasileiros, além do Distrito Federal.
Elcio Breve de Lima, de 55 anos, é de Montes Claros e atua como caminhoneiro há 26 anos. Ele participou da greve feita pela categoria em 2018, que durou nove dias e questionava os reajustes frequentes do óleo disel. Três anos depois, o motorista conta que desta vez, além de reivindicar o preço abusivo do combustível, também quer garantir direitos conquistados em 2018, mas que ainda não estão sendo cumpridos.
“Vou aderir a manifestação coma esperança de garantir pelo menos o frete de sobrevivência, né. Porque ultimamente o dinheiro que estamos ganhando com o frete não dá nem para sobreviver, nem para manter o caminhão em pé. A gente precisa de um frete digno. Na verdade, já conquistamos esse direito, mas ele não é cumprido até hoje. A gente esperou, esperou, e até agora nada. Espero que seja atendido, pois é um pedido de socorro. Precisamos parar para reivindicar nossos direitos”, diz.
Elcio tem a esperança de que com a greve o preço do frete seja reajustado/ Foto: Arquivo pessoal
Em nota enviada para o Webtempo, o conselho esclareceu que “Na hipótese de esgotamento das vias administrativas de solução dos impasses até 31/01/2021, haverá paralisação nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (autônomos e empregados), no dia 1º de fevereiro por prazo indeterminado”.
Em entrevista exclusiva pelo telefone, o presidente do Conselho, Plínio Dias, disse que o setor está aberto para negociações com o governo e não descarta a possibilidade de um acordo antes da paralisação. “Estamos abertos ao diálogo a qualquer momento, tanto o Conselho Nacional e também a categoria”. Como explica Plínio, as principais reivindicações presentes na pauta são:
“O valor do frete não permite mais que o caminhoneiro mantenha sua família, pois a despesa do combustível consome 60% do que é faturado no frete..
Ganhamos as leis em 2018, porém não são respeitadas. Tem julgamento paralisado no STF [Supremo Tribunal Federal]”, votação no senado que não é concluída. Leis que já são vigentes, mas não são respeitadas. Não querem pagar estadia coerente para os caminhoneiros. Tem empresas que não pagam saldo de fretes. Tem o Projeto BR do mar, que foi passado sem audiência pública, que querem reduzir para 40% as viagens longas em BR’S e levar os caminhões para os portos, que não tem estrutura para comportar os caminhoneiros”.

Walter Lúcio de Paula, presidente da Associação de motoristas e autônomos do Brasil (AMAB), que tem base em Montes Claros, comenta que a ideia é mobilizar os caminhoneiros sem causar desordem. Ele também participa da diretoria do CNTRC, como secretário, e confirma que a paralisação vai ocorrer em todas as rodovias federais do país. Em Montes Claros, os pontos de concentração serão na BR-135 e BR-251. Questionado sobre a promoção de uma greve em meio a pandemia, o presidente da AMAB ratificou que todas as medidas sanitárias serão seguidas e que cargas essenciais, principalmente hospitalares, seguirão o curso normalmente.
“Esse movimento é ordeiro e pacífico. Estamos trabalhando justamente nisso. Não é para fechar estrada. Quem tiver com carros, carga perecível, ônibus, ambulâncias e caminhões com produtos hospitalares não serão impedidos de passar. Vamos paralisar apenas os caminhões com carga normal, para quem quiser aderir de forma voluntária à greve. Protocolei a manifestação junto a superintendência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), para que a segurança seja garantida”, ressalta Walter.

Fonte: O Tempo