Combate à Doença de Chagas: conscientização e diagnostico precoce são essenciais - Rede Gazeta de Comunicação

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Combate à Doença de Chagas: conscientização e diagnostico precoce são essenciais

VINÍCIOS SANTOS

A doença de Chagas continua sendo uma causa de muitas mortes no Brasil, com uma média de quatro mil óbitos a cada ano no país e, infelizmente, trata-se de uma enfermidade muitas vezes negligenciada por muitos. O combate à doença de Chagas ainda demanda investimentos e requer diagnóstico precoce. Nancy Dominga convive com a doença de Chagas há algum tempo. O diagnóstico veio em 2013 em uma emergência médica. “Descobri a doença quando eu tive um derrame. Quando eu cheguei ao hospital, o médico descobriu que era Chagas”, conta.

O principal vetor da doença de Chagas é o barbeiro. A transmissão pode acontecer pelo contato direto do inseto com o ser humano e, em alguns casos, também na alimentação. “Como este inseto vive às vezes em cachinhos de açaí ou na cana, quando você vai fazer o suco corre o risco de triturar o inseto junto sem querer. O alimento fica infectado, a pessoa bebe, e pode se contaminar”, explica a professora do Instituto de Ciências Biológicas, Walderez Dutra.

O diagnóstico precoce da doença é fundamental para o sucesso no tratamento, uma vez que os sintomas podem passar despercebidos. “O que acontece é que os sintomas são confundidos com sintomas de outras coisas, são febre, dor de cabeça, cansaço em geral, e é difícil de detectar essa doença simplesmente pelos sintomas clínicos. Aí a doença entra numa fase que a gente chama de fase crônica de Chagas. Esta fase crônica é muito interessante porque, nela, em torno de 60% das pessoas infectadas não desenvolve qualquer sintoma clínico da doença. Mas em torno de 30% dos indivíduos na fase crônica desenvolvem formas graves. Então o grande problema da infecção na fase crônica é que ela pode levar um número enorme de pessoas a desenvolverem uma cardiopatia muito grave”, complementa Dutra.

Informação adequada e investimentos são fundamentais para o controle da endemia e para a conscientização da população sobre os perigos da doença. “Eu diria que nós temos dois grandes polos em que nós precisamos desenvolver: o polo científico, para que a gente possa conhecer melhor esta doença, uma vez que a única maneira de interferir e de impedi-la é através do conhecimento da doença; e o outro [polo] é através da informação. É realmente estar em contato com as populações mais atingidas, para que as pessoas, diante de qualquer suspeita, possam procurar um contato médico, um laboratório”, finaliza a professora Walderez.

A doença de Chagas foi descoberta há mais de 100 anos. Mesmo assim, ainda não existe uma vacina aprovada.