Do início de janeiro até meados de dezembro, valorização média chegou a quase 115%
Maior produtor de café do Brasil, Minas Gerais enfrentou um ano desafiador na safra 2024 do grão. Com clima adverso, onde foram registradas temperaturas recordes, seca prolongada e também granizo, a produção do café caiu. Por outro lado, diante da produção menor que a esperada, problemas climáticos também registrados em países produtores como Vietnã e na Colômbia e estoques baixos, a cotação do grão disparou. Do início de janeiro até meados de dezembro, a valorização média da saca de café chegou a quase 115%.
Conforme os dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), devido ao clima adverso, a safra de café, em Minas Gerais, retraiu 3,3% e chegou a 28,05 milhões de sacas de 60 quilos. O resultado frustrou a expectativa do setor, que até então esperava uma safra de 30,1 milhões de sacas e 4,1% maior que a de 2023.
Vários fatores interferiram na produtividade das lavouras, incluindo um longo período de seca, chuvas esparsas e até mesmo granizo em algumas das regiões. Assim, o rendimento médio por hectare caiu 6%, atingindo 25,2 sacas por hectare. No atual período produtivo, a área plantada cresceu 2,9% e atingiu 1,11 milhão de hectares.
“No Estado, as últimas cinco safras de café enfrentaram desafios, principalmente, ligados ao clima. Na safra 2024, tivemos uma quebra significativa em relação ao volume, com grãos mais miúdos”, explicou a analista de agronegócio do Sistema Faemg Senar, Ana Carolina Gomes.
Com a oferta menor que a esperada e os estoques mundiais reduzidos, 2024 também foi marcado pela aceleração expressiva na cotação do grão. Conforme os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), enquanto no início do ano a saca estava cotada em média a R$ 1.000, agora, em dezembro, o valor já alcança R$ 2.155 por saca, gerando, portanto, uma alta de quase 115%.
“Assim como no Brasil, outros países produtores – como Vietnã, Colômbia – tiveram perdas na produção do café em função do clima. Isso fez com que os preços subissem. Porém, é importante ressaltar que o aumento do preço do café não significa que o cafeicultor está ganhando mais, porque ele colheu menos que o esperado”, confirma a analista.
Para 2025, a expectativa é cautelosa. Os cafezais ainda refletem os danos provocados pelos efeitos climáticos, principalmente, pela seca. Assim, a tendência é de uma produção menor.
“As expectativas para 2025 não são as melhores. Isso porque passamos por um longo período de estiagem e mesmo as chuvas de final de ano não irão recuperar o dano causado. Então, enxergamos uma safra bem desafiadora em questão de volume. Tivemos bastante áreas podadas, com manejo mais grave e agora precisamos aguardar os próximos meses para mensurar os impactos e saber o quão a safra será menor”, acrescenta.
Ana Carolina destaca ainda que, no campo, as floradas foram significativas, porém, o “pegamento” tem sido abaixo do esperado. “Tivemos uma florada bem vistosa, mas com muito abortamento, justamente pela planta estar altamente sensibilizada, não suportando segurar as flores”, conclui.
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