A vistoria foia penultima fase do processo de reconhecimento ao título de Patrimônio Mundial da UNESCO
A UNESCO através da IUCN – International Union for Conservation of Nature nomeou o cientista português prof. José Bernardes Rodrigues Brilha que estará avaliando “in loco” a proposta brasileira de tornar o Parque Nacional Cavernas do Peruaçu em Patrimônio Mundial. A visita técnica ocorrerá no período de 18 a 22 de outubro e será acompanhada além do representante da UNESCO, por técnicos do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima coordenada por Bernardo Issa de Souza. Além do vistoria no Parque, também será realizada reuniões técnicas com os Prefeitos e Secretários de Turismo e Meio Ambiente de Januária, São Joao das Missões e Itacarambi.
O governo brasileiro registrou na UNESCO a candidatura do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu no início do ano, com o protocolo de um Dossiê, uma espécie de relatório documental detalhado para o cumprimento das exigentes normas para o reconhecimento a Patrimônio Mundial, ou da Humanidade, como antigamente era chamado. No decorrer deste período a documentação foi analisada e agora serão realizadas as vistorias de campo, dentre elas sobrevoos de helicóptero no cânion do parque, visita às principais cavernas do complexo, análise da estrutura de visitação e de proteção, inclusive das brigadas de incêndio, sistemas de vigília, servidores e condutores que o parque possui. Também será realizada reuniões técnicas com as três prefeituras que englobam o Parque, Januária, Itacarambi e São João das Missões.
O cientista da UNESCO José Brilha é geólogo graduado em Geologia pela Universidade de Coimbra e doutorado pela Universidade portuguesa do Minho e pela Universidade francesa de Poitiers. É atual professor da Escola de Ciências da Universidade do Minho e Diretor do Centro de Ciências da Terra. É membro do Global Geopark Evaluation e da World Commission on Protected Areas da IUCN e foi presidente da European Association for the Conservation of the Geological Heritage. Também teve passagens pelo Brasil, onde atuou pesquisador no Programa Ciência Sem Fronteiras e em projetos junto as Universidades Federais da Bahia, do Paraná, de Pernambuco, nas Universidades Estaduais de Feira de Santana e Ponta Grossa, e na Universidade Regional do Cariri.
Para Leonardo Giunco, coordenador local da candidatura do Peruaçu a Patrimônio da UNESCO, os membros do comitê organizador ficaram muito satisfeitos e otimistas com a indicação do professor Brilha como o responsável pela visita de avaliação da proposta brasileira, principalmente pela extrema competência técnica que Brilha possui e por ser amplo conhecedor do Brasil e sua geologia, uma vez que o Peruaçu está pleiteando o reconhecimento como Patrimônio Mundial exatamente na área de atuação do avaliador indicado pela UNESCO, no critério VII – conter fenômenos naturais excepcionais ou áreas de beleza natural e estética de excepcional importância; e no critério VIII – ser um exemplo excepcional representativo de diferentes estágios da história da Terra, incluindo o registro da vida e dos processos geológicos no desenvolvimento das formas terrestres ou de elementos geomórficos ou fisiográficos importantes.
Após a vistoria técnica, sairá o relatório final que será enviado para plenária da UNESCO, que será realizada até julho do próximo ano, onde os representantes dos países membros da UNESCO votarão pela aprovação ou não do título de Patrimônio Mundial ao Parque Nacional Cavernas do Peruaçu.
O parque fica no Norte do estado de Minas Gerais, está aberto à visitação ao público, possui trilhas demarcadas e estruturadas e que podem ser percorridas acompanhadas de condutores contratados, também possui centro de visitantes e um museu interativo. Ao seu redor existe ampla infraestrutura de apoio ao turista, como pousadas, restaurantes e lugares inusitados para serem visitados como as praias de água doce do Rio São Francisco, os inúmeros alambiques tradicionais de produção de cachaça e rapadura, as cachoeiras do rio Pandeiros, o desconhecido vale do Vão dos Buracos que retrata fielmente as leituras de Guimarães Rosa e o outros atrativos ao longo de uma dezena de unidades de conservação e que formam o mosaico do Peruaçu – Grande Sertão Veredas.
