Centro de Esclerose Múltipla de Montes Claros e Estado discutem doenças raras - Rede Gazeta de Comunicação
Centro de Esclerose Múltipla de Montes Claros e Estado discutem doenças raras

GIRLENO ALENCAR 

Foi realizado ontem (11), em Montes Claros, o ‘I Encontro On Line de Abordagem da Esclerose Múltipla e de Outras Doenças Raras’, nos serviços de atenção primária à saúde envolvendo a participação de médicos de 54 municípios do Norte de Minas que integram a área de atuação da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros – (SRS). O evento contou com a participação do neurologista Euldes Mendes Júnior, coordenador do Centro de Esclerose Múltipla de Montes Claros – (CEMMOC).  O coordenador de atenção à saúde da SRS, João Alves Pereira, explicou que a iniciativa deu continuidade a trabalho iniciado em julho desde ano, quando a proposta de habilitação do CEMMOC para atendimento de pacientes por meio do Sistema Único de Saúde – (SUS), foi apresentado aos gestores municipais durante reunião da Comissão intergestores Bipartite – (CIB).

Além do encontro realizado nessa terça-feira, no próximo dia 18 será realizada nova videoconferência envolvendo a participação do CEMMOC, profissionais de saúde da atenção primária e da Coordenadoria de Atenção à Saúde da SRS. Na oportunidade serão discutidos casos de pacientes com suspeita de terem contraído doenças raras, bem como será apresentado o fluxo de encaminhamento das pessoas para a realização de exames. Os diagnósticos serão feitos pelo Centro de Esclerose Múltipla que atualmente funciona no quarto andar do Hospital do Rim, próximo à Santa Casa de Montes Claros.

Durante a videoconferência, Euldes Mendes destacou que o diagnóstico precoce de pacientes acometidos por doenças raras é de fundamental importância nos serviços de atenção primária à saúde, que é a principal porta de entrada da população nos serviços de assistência à saúde. 

“O Brasil conta atualmente com tratamento eficaz em relação às doenças raras, semelhante ao que existe nos Estados Unidos e na Europa. Temos um arsenal terapêutico que consegue dar tratamento adequado, dependendo do perfil da doença em cada paciente. Com isso, se nos serviços de atenção primária os profissionais estiverem capacitados para fazer o encaminhamento correto dos pacientes para o diagnóstico precoce das doenças raras, temos condições de prevenir incapacidades e reduzir os impactos nos serviços de saúde e na vida das pessoas, uma vez que a esclerose múltipla acomete pessoas ainda jovens, em plena atividade profissional”, frisou o neurologista.

Euldes Mendes reforçou a importância da implantação do Centro de Esclerose Múltipla de Montes Claros, viabilizada em 2017, numa iniciativa que conta com a participação da Santa Casa. Atualmente, contando com Montes Claros, existem apenas oito centros de referência em esclerose múltipla em Minas Gerais, sediados em Belo Horizonte, Uberaba, Uberlândia e Juiz de Fora. Os demais centros estão localizados nas capitais dos Estados e são insuficientes para atender as demandas da população. Isso porque, no mundo, as doenças raras acometem cerca de 2,5 milhões de pessoas, sendo aproximadamente 40 mil residentes no Brasil.

No caso específico do Norte de Minas, atualmente o Centro de Esclerose Múltipla de Montes Claros assiste 134 pacientes, oriundos de 45 municípios. Com 59 pessoas atendidas, Montes Claros concentra o maior número de pacientes assistidos pelo CEMMOC. Além disso, observa Euldes Mendes, os casos de esclerose múltipla correspondem a 50% dos pacientes assistidos pelo único Centro sediado no Norte de Minas.

O neurologista explicou que os principais fatores de risco para as doenças raras estão relacionados à genética; níveis de vitamina D; tabagismo; obesidade e o vírus Epstein Barr. Na atenção primária à saúde o médico ressaltou a importância dos profissionais estarem atentos aos pacientes que apresentem surtos neurológicos por mais de 24 horas, que podem ser confundidos com labirintite; aos pacientes que apresentem queixas de turvação visual com dor ocular; pacientes que se queixam que o tom vermelho de algum objeto fica desbotado, bem como a constatação da dilatação da pupila de um dos olhos quando submetida à luz.

Já pacientes que podem ter contraído mielite (inflamação da medula), se queixam de fraqueza e formigamento persistente nas pernas; dificuldade para prender ou soltar urina; desequilíbrio e dificuldade de andar em linha reta; fala arrastada; dificuldade de mastigação; visão turva ou com duplicidade de objetos.

Nesses casos, salienta Euldes Mendes, o paciente deve ser encaminhado para a realização de exames especializados, visando constatar ou não a ocorrência de alguma doença rara o mais precocemente possível. Por meio do Centro de Esclerose Múltipla, além de tratamento e acompanhamento de neurologistas, os pacientes também têm acesso à assistência multidisciplinar envolvendo psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e fisioterapeutas.   

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