Catadores de recicláveis serão alfabetizados pela Unimontes - Rede Gazeta de Comunicação

PUBLICIDADE

Catadores de recicláveis serão alfabetizados pela Unimontes

GIRLENO ALENCAR

O Projeto de ensino da Universidade Estadual de Montes Claros, que faz parte da Rede Emancipa – Movimento Social de Educação Popular, o ‘Cursinho Popular Darcy Ribeiro’ ampliará suas ações em 2022. Além da preparação de candidatos para o ingresso às instituições de ensino superior e, ainda, para os testes do Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM), a atuação será voltada também para a alfabetização de adultos que vivem em situações de vulnerabilidade socioeconômica. A partir da articulação com os movimentos sociais, o modelo piloto da Unimontes nesta nova proposta será realizado junto aos 15 trabalhadores da Associação de Catadores Montesul, que trabalham no galpão de materiais recicláveis na região do Grande Maracanã, em Montes Claros.

A primeira atividade do projeto aconteceu na última semana (23/12), em evento na Escola Municipal Zizinha Ribeiro, no bairro Santo Amaro.

Os professores e acadêmicos voluntários do Cursinho, além de parceiros da sociedade, participaram de um café solidário, à tarde, com a direção da Associação de Catadores e com os próprios assistidos. Houve a distribuição de cestas arrecadadas na campanha ‘Solidariedade Ativa’ e, ainda, sessões de contação de histórias com a professora Nelcira Durães (Artes Teatro/Unimontes) e apresentações culturais, com o professor Jukita Queiroz (Artes Música/Unimontes) e Gabriel Reis (Rede Emancipa).

“Foi uma experiência extremamente positiva diante da oportunidade de dialogarmos sobre o projeto de alfabetização. Ao mesmo tempo, pudemos conhecer melhor a realidade de cada um, que é de uma vulnerabilidade bem evidente e, ainda, dar início ao planejamento das ações. A ideia é trabalhar com a alfabetização na perspectiva freiriana”, relata a professora doutora Bárbara Figueiredo Souto, do Departamento de História da Unimontes e a coordenadora geral do Cursinho Darcy Ribeiro.

INTERESSE – A concepção da ideia em estender o trabalho para a alfabetização de adultos além dos muros da Universidade teve um fator determinante: o interesse dos próprios catadores. A presidente da Associação Montesul, Maria do Socorro Guimarães Soares, e a técnica Thaynara Dias tomaram a iniciativa de articular o novo projeto com a equipe do Cursinho Popular Darcy Ribeiro.

Dos 15 catadores previamente relacionados para as aulas, 12 são mulheres, sendo que a maioria é de mães-solo, provedoras de todas as necessidades de suas famílias. “Infelizmente, por motivos alheios à vontade deles próprios, muitos sequer aprenderam a escrever o próprio nome. Aceitamos este desafio como um compromisso com a transformação efetiva que a educação pode causar na vida destas pessoas”, acrescenta a coordenadora.

As aulas serão ministradas no Galpão da entidade e a equipe do Cursinho contará com a participação de militantes do movimento social, professores do Departamento de Educação, alunos da graduação do curso de Pedagogia e mestrandas do Programa de Pós-Graduação em Educação (mestrado).

“São acadêmicos, professores e voluntários da sociedade que pensam numa educação inclusiva e transformadora. Toda a equipe está muito animada e motivada para fazer parte deste projeto, que tem todos os argumentos sociais e humanos para ser permanente e beneficiar um número ainda maior de pessoas. Isso dialoga com o pensamento de Paulo Freire, nosso patrono da educação brasileira, que ensinou ao mundo como trabalhar com a alfabetização de adultos”, conclui a professora Bárbara Souto.