Será que estamos diante da Libertadores mais imprevisível dos últimos tempos? Faço essa pergunta ao olhar para o cenário do sorteio das oitavas de final. Flamengo, Atlético Mineiro e River Plate provavelmente habitam uma mini lista de favoritos de cada um de nós. E foram parar no pote 2.
Claro que, na prática, as bolinhas podem indicar um caminho em que, lá na frente, tenhamos mais uma vez maioria de brasileiros e um par de intrusos, como tem sido rotina. O ponto é que, agora, está nas mãos do destino, pois as chances de o Flamengo enfrentar o Olimpia são as mesmas de encarar o Palmeiras precocemente.
Desde 2019, as semifinais contam com pelo menos dois brasileiros. Nos últimos dois anos, esse número subiu para três. Já são quatro anos com um campeão brasileiro e três com finais exclusivamente brasileiras. O padrão é esse e não haveria porque pensarmos diferente em 2023. A economia criou prateleiras, e o Brasileirão está sozinho no topo delas.
Só que agora há a possibilidade de dois brasileiros serem eliminados de cara graças ao confronto direto (Flamengo e Galo começam o sorteio com 50% de chances de enfrentar outro brasileiro). Também não seria absurdo o River Plate, clube estrangeiro mais rico do continente, eliminar mais um.
Há mais um dado que impressiona: temos mais campeões diferentes no pote 2 do que no 1, onde em tese se reuniriam todos os favoritos: 6 a 5 (Flamengo, Nacional, Argentinos Juniors, Atlético Mineiro, River Plate e Atlético Nacional contra Palmeiras, Olimpia, Racing, Boca Juniors e Internacional).
Ou seja: há argumentos para acreditar que as coisas podem ser diferentes dessa vez.
Tudo isso passará pelo sorteio da próxima quarta-feira (5), às 13h (de Brasília), de onde sairá também o chaveamento até a grande final, marcada para o dia 4 de novembro, no Maracanã.
Um ponto positivo para os brasileiros é que as oitavas serão jogadas somente em agosto. Clubes poderão se reforçar na janela, e haverá tempo suficiente de adaptação. Só o Flamengo, que perdeu para o Aucas ainda sob a gestão de Vitor Pereira, deverá trazer de quatro a cinco reforços. A tendência é que Sampaoli faça esse time jogar melhor.
O Palmeiras também pode se movimentar, mas tem atuações mais consistentes. Após poupar na estreia na altitude de La Paz – e perder para o Bolívar –, venceu todos os cinco jogos restantes e terminou a fase de grupos com a melhor campanha pela quinta vez nos últimos seis anos. Abel Ferreira logicamente tem a sua parcela chegando no mata-mata de 2020.
O Atlético Mineiro terá mais tempo com Felipão, assim como o Athletico com seu próximo treinador – embora possa perder a estrela Vitor Roque na janela. O Inter trouxe o equatoriano Enner Valencia e já vive boa sequência sem ele, enquanto o Fluminense também deve se reforçar para dar mais opções a Fernando Diniz.
As semanas livres em julho são aguardadas ansiosamente pelos tricolores para que o futebol de abril seja recuperado.
Em resumo, se me perguntassem hoje qual seria a final, eu provavelmente ainda palpitaria por dois brasileiros. Vejo Palmeiras e Flamengo muito fortes no médio/longo prazo. Mas o sorteio pode resolver discordar de mim. Por isso é bom aguardarmos até quarta-feira. (Superesportes)
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