Câmara promove debate sobre a usina de biodiesel em Montes Claros - Rede Gazeta de Comunicação

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Câmara promove debate sobre a usina de biodiesel em Montes Claros

Em julho de 2020, a Petrobras divulgou o início do processo para a venda integral da subsidiária em Montes Claros

A ‘Defesa da Usina de Biocombustível da Petrobras – Darcy Ribeiro’ foi tema da audiência pública virtual realizada na quarta-feira (9), pela Câmara de Vereadores de Montes Claros, por iniciativa da vereadora Professora Iara Pimentel (PT).

Em julho de 2020, a Petrobras divulgou o início do processo para a venda integral da subsidiária Petrobras Biocombustível S.A. (PBIO), incluindo três usinas de biodiesel localizadas em Montes Claros, Candeias, (BA) e Quixadá (CE). As usinas produzem biodiesel a partir de óleo de soja, algodão, palma, gordura animal e óleos residuais.

Em Montes Claros, a usina foi inaugurada em 2008 e conta com 35 trabalhadores concursados e 150 terceirizados. “No ano de 2008, foi feito um estudo, um esforço suprapartidário e Montes Claros se mobilizou para conquistar uma dessas quatro usinas de biodiesel devido às suas potencialidades. A proposta desta audiência pública vem de encontro a uma necessidade desse momento, e até mesmo pensando no futuro do nosso município, e também do Norte de Minas Gerais”, justifica Iara Pimentel.

A vereadora explica que Montes Claros possui uma gama de famílias de agricultores, que dependem da usina para sua subsistência. “A proposta da Pbio é de empoderamento do povo, é pela valorização das nossas potencialidades e há uma necessidade de nós cuidarmos daquilo que é nosso, pensando nesse momento, mas também no futuro e no trabalho dessas pessoas que vão perder a sua fonte de renda, e também nessa potência que é a usina de biodiesel para Montes Claros”, completa.

Durante a audiência, os participantes fizeram um alerta sobre os impactos do fechamento da usina. Para a deputada estadual Marilene de Souza (Leninha) é importante que todos se juntem para dar resistência pela não privatização da unidade. “A usina, assim como Darcy Ribeiro, deveria ser inovadora, inspiradora, emancipadora, construtora de um futuro próspero, não só para a nossa região do semiárido, mas para uma política de biocombustível do Brasil”.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores de Minas Gerais, Jairo Nogueira Filho, destacou que o biodiesel é o futuro do diesel no mundo e o Brasil sai na frente nessa questão. “Nós deveríamos estar aqui discutindo sobre a ampliação e a construção de mais usinas de biodiesel no semiárido, ampliando essa questão do experimento que foi feito em Montes Claros. A privatização para os trabalhadores é a precarização total do trabalho, é demissão de trabalhadores especializados, que já tem conhecimento e know-how para fazer o funcionamento dessa usina, e isso não se faz da noite para o dia”.

O coordenador-geral do Sindicato dos Petroleiros de Minas Gerais, Alexandre França, explicou que a Petrobras Biocombustível tem a função de realizar um trabalho que nenhuma empresa privada ousou em fazer. “O investimento no semiárido, por entender a sua função social, que é garantida por lei. De todo o diesel usado no Brasil, 15% viria do biodiesel, e com incentivo do selo social do uso da agricultura familiar e do semiárido, em Montes Claros já chegamos a ter parceria com nove mil famílias de agricultores familiares”.

A pesquisadora na área de energia e meio ambiente do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás natural e Biocombustível (INEEP), Ana Carolina Chaves, destacou o papel fundamental da usina para o mercado de biocombustível no Brasil. “A usina de Montes Claros é considerada uma das principais da Pbio, com impactos econômicos e sociais positivos ao longo desses anos, contribuindo para a atração de investimentos e para o desenvolvimento de toda a região”.

O diretor jurídico da Confederação Única dos Petroleiros, Mauro Dal Zot, explicou que o que vem acontecendo reduz a importância da Petrobras por desenvolvimento social, econômico e tecnológico regionais. “A Petrobras vem se transformando em uma empresa apenas do Rio de Janeiro e de São Paulo, em especial, explorando de forma discriminatória o pré-sal, esquecendo as outras áreas de tamanha importância, colocando tudo à venda suas refinarias do Sul, do Norte, do Nordeste e de Minas Gerais, atrelando os seus preços ao mercado internacional, ao dólar, prejudicando imensamente a população brasileira, que sente o reflexo no aumento dos combustíveis e no gás de cozinha”.

O deputado federal Paulo Guedes destacou que a privatização da usina de biodiesel em Montes Claros é um retrocesso, “Como o governo quer desfazer de uma usina, que gera 220 milhões por ano? O mundo inteiro querendo ter essa tecnologia, ter esse domínio, nós somos o terceiro país do mundo que mais produz biodiesel, e de uma hora para outra o governo quer entregar as usinas da Petrobras para a ganância do mercado”, disse Guedes. (GA)