STÊNIO AGUIAR
A preocupação com a dengue no Norte de Minas aumentou após a morte de uma mulher, de 19 anos, em Bocaiuva, em virtude de complicações provocadas pela forma mais grave da doença. Ela que deu entrada no Hospital Doutor Gil Alves no dia 2 de janeiro com sintomas característicos da doença, morrendo quatro dias depois.
A morte foi a primeira registrada em Minas Gerais em 2024 e deve levar as autoridades de saúde a intensificar as estratégias para eliminar os focos do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença.
A causa da morte aparece no atestado de óbito fornecido à família e foi confirmada pela diretora clínica do Hospital Doutor Gil Alves, Gabriella Falcão, onde a mulher foi atendida. Apesar da confirmação, a morte não aparecia no boletim epidemiológico do Governo de Minas dessa segunda-feira (8), referente ao município.
“Levei minha menina para consultar no hospital de Bocaiuva, cheguei lá, ela tava com 39 graus de febre e a médica só deu um paracetamol e liberou ela pra casa, toda ruim e com febre. Ela ficou ruim e eu voltei com ela ‘pro’ hospital de Bocaiuva e minha filha veio a falecer”, relata Geisa de Jesus Silva Carvalho, mãe de Danielle Joice Carvalho dos Santos.
Apesar da família, que mora na comunidade Camilo Prates, questionar o atendimento recebido, a médica e diretora clínica do hospital de Bocaiuva, Gabriella Falcão, fala que ela chegou à unidade com sintomas leves. Como tinha alergia a dipirona, principal medicamento para controle da temperatura nesses casos, recebeu outro remédio. Além disso, foi administrado soro e a paciente passou por exames.
“Após a estabilização e sem critério para internação, liberamos a paciente e demos a orientação que procurasse pela assistência primária para continuar com o monitoramento do quadro de saúde”, detalhou Gabriella Falcão.
No dia 6, conforme a diretora clínica, a mulher voltou grave ao hospital e o quadro de saúde dela piorou rapidamente com evolução para o óbito.
Gabriella Falcão destaca ainda que casos como o de Danielle são submetidos a uma comissão de investigação de óbito do hospital e ressalta ainda que as informações sobre a morte já estão sendo compartilhadas com o município. Além disso, são fornecidos detalhes para a Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Montes Claros.
“Nosso objetivo é analisarmos as medidas que foram tomadas e vermos o que pode ser melhorado. Além disso, tivemos uma reunião com a Vigilância Epidemiológica do Município, que faz o trabalho de combate, com a intenção de alinharmos o serviço prestado pela rede que é responsável pela assistência à população”, comentou a diretora clínica do hospital.
A Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, em nota, informou que o município de Bocaiuva ficou de enviar nesta terça-feira (9) a notificação do caso à SRS, bem como amostras para exame no laboratório da Fundação Ezequiel Dias, em Belo Horizonte.
Dados do estado apontam que Bocaiuva já registrou 2.878 casos de dengue, 382 de chikungunya e quatro de zika. No dia 20 de dezembro, a Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros (SRS) informou que Bocaiuva estava entre os seis municípios do Norte de Minas que apresentavam alta incidência de casos notificados dessas três arboviroses, o que quer dizer que a localidade registrou acima de 300 casos por 100 mil habitantes.
O secretário de Saúde, Renato Teixeira, diz que um óbito suspeito de dengue foi investigado e o exame feito deu negativo. Ele fala ainda que o município adotou medidas preventivas em setembro de 2023, como mutirões de limpeza, visita da equipe de endemias, bloqueio com bombas costas e fumacê.
“Apesar de fazermos um trabalho de conscientização, encontramos situações complicadas ao visitarmos os domicílios. Temos que deixar claro que nenhum esforço vai ser suficiente se o cidadão não nos ajudar, as pessoas precisam contribuir eliminando os focos do mosquito de dentro de seus domicílios”, alertou Teixeira.
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