Avanços da diversidade no agronegócio do Brasil - Rede Gazeta de Comunicação

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Avanços da diversidade no agronegócio do Brasil

JOÃO GUILHERME SABINO OMETTO

Engenheiro

O estudo também apontou que 40% dos negócios possuem um plano de sucessão e que a transição no comando deve acontecer dos pais aos filhos e filhas. Apenas 5% dos participantes avaliam a contratação de um executivo fora do núcleo familiar para gerir o negócio. É interessante notar como ainda é recente, do ponto de vista histórico, a organização empresarial das atuais propriedades agrícolas. É óbvio, à medida que os herdeiros vão estudando, cursando universidades, especialização e pós-graduação, somam conhecimento às experiências dos antecessores, avançando na agenda da diversidade.

Nesse contexto, também cabe enfatizar o significado das pequenas propriedades, em especial a agricultura familiar, que continua representando o maior contingente (77%) dos estabelecimentos agrícolas brasileiros, segundo o Censo Agro. O segmento é decisivo para a produção de alimentos. Nas culturas permanentes, responde por 48% do valor da produção de café e banana; nas temporárias, 80% da mandioca, 69% do abacaxi e 42% do feijão.

Cabe um alerta: o número de propriedades da agricultura familiar caiu 9,5% no Censo 2017 em relação ao de 2006. Uma das causas disso é que os filhos dos agricultores estudaram e acabaram deixando seus pequenos negócios, passando a trabalhar em estabelecimentos rurais maiores ou em outras atividades. Há, ainda, a reclassificação das unidades e o fato de que algumas cresceram e mudaram de categoria. Há concretos esforços governamentais, notadamente da Embrapa, no sentido de apoiar os pequenos e médios negócios rurais. Porém, é pertinente ponderar que o segmento carece de políticas públicas cada vez mais adequadas e eficazes, principalmente quanto ao crédito e ao seguro rural, pois é decisivo para o agronegócio, a economia e a segurança alimentar.

O meio rural evoluiu em diversidade neste século muito mais do que nos 100 anos anteriores. Precisa e deverá continuar avançando nessa agenda, conforme se observa na atitude atual dos produtores e produtoras. A terra é feminina! Mulher, acolhe e supre todas e todos com imensa generosidade e inspira a civilização à prática da igualdade de gênero, direitos e deveres isonômicos e repúdio a todo tipo de discriminação.