Atleticanos foram a Buenos Aires acompanhar o jogo contra o River Plate, pela semifinal da Copa Libertadores, e não conseguem voltar ao Brasil
A maior parte dos três mil torcedores do Atlético que foram a Buenos Aires para ver a classificação histórica do clube à final da Copa Libertadores terá de esperar alguns dias para retornar a Minas Gerais. O sonho da viagem de ida tornou-se o pesadelo da volta. “O meu voo de volta era às 22h55 desta quarta-feira (30/10). Só às 10 horas da manhã, a Latam informou que o voo tinha sido cancelado. Vim ao aeroporto, mas aqui ninguém consegue explicar nada. O próximo voo disponível é só no domingo, dentro de quatro dias. Ninguém quer saber se tenho onde dormir, se tenho o que comer”, explica o empresário mineiro Carlos Vinícius Silva Carneiro, de 42 anos.
Carlos Vinícius até pensou em voltar a Belo Horizonte através do Uruguai, mas os barcos para atravessar o Rio da Prata também estavam em greve. “Esta foi uma viagem planejada há 15 dias. Agora, o custo vai triplicar. Era para comemorarmos a vitória do time, mas a sensação que tenho é de desgosto”, lamenta.
Greve na Argentina
A greve de transportes durou as 24 horas desta quarta-feira. A paralisação foi total em caminhões, aviões, barcos, linhas de metrô, ônibus interurbanos e trens. Os sindicatos protestam contra o ajuste fiscal do governo. A greve não pegou os argentinos de surpresa. Foi anunciada no começo do mês, mas as companhias venderam as passagens como fosse um dia normal. “Se soubesse, teria comprado para o dia seguinte e não passaria por este constrangimento. Mas a Latam não avisou”, garante Carlos Vinícius.
Só torcedores do Galo
As companhias aéreas cancelaram os voos. Os aeroportos ficaram vazios, a não ser pelos torcedores do Atlético, pegos de surpresa. O engenheiro civil Diego Rodrigues de Resende, de 32 anos, veio de Uberlândia e agora tenta resolver com a companhia Gol, que só avisou que o voo seria cancelado um dia antes, embora a greve já estivesse marcada semanas antes. “Se a companhia aérea estivesse disposta a resolver com antecedência, seria tranquilo. O problema é que eu fui avisado 24 horas antes e, no dia anterior, a empresa me confirmou o voo. Todos querem remarcar, mas nenhum voo tem vaga”, critica Diego, em conversa com a RFI. “Eles querem que eu pague o hotel aqui até sábado, tudo por minha conta. Ainda bem que o Atlético se classificou porque eu estaria ainda mais contrariado se tivesse perdido”, pondera. Roger Guimarães, 36 anos, é empresário em Belo Horizonte. Ele sentiu como a euforia pela classificação em pleno estádio Monumental de Nuñez se desfez diante da greve.
“A minha sensação é de frustração. Vim para viver um momento histórico do clube que a gente ama. Mas o pessoal da Latam, mesmo sabendo de uma greve, vendeu uma passagem. Agora não sei quando vou voltar, tendo vários compromissos no Brasil. Estão marcando a volta para dentro de cinco, sete e oito dias. Estamos numa situação complicadíssima aqui na Argentina”, desabafa Roger à RFI.
“É um descaso completo com o ser humano”, sentencia. Para Paulo Ferreira, de 43 anos, deram a opção de regressar a Belo Horizonte no dia 2 de novembro. A esta altura, é uma das melhores opções, considerando a quantidade de torcedores na mesma situação. “Estou indignado. A omissão da companhia Latam é uma falta de responsabilidade com o cliente. Teriam de ter avisado, mas só soube que o voo tinha sido cancelado porque entrei no aplicativo nesta manhã, no mesmo dia do embarque. Ao chegar aqui no aeroporto, ninguém garante para quando realmente a volta possa ser remarcada”, revolta-se Paulo. Os irmãos mineiros Felipe e Guilherme Barreto contaram à RFI que não sabem quando poderão retornar a Belo Horizonte. A companhia Gol garante que não tem vagas para os próximos dias, mas quando os dois torcedores entram no aplicativo da própria empresa vem a disponibilidade de voos para segunda-feira.
“A Gol diz que não tem lugar, mas se comprarmos uma nova passagem, então há lugares. No sistema da atendente não aparece, mas aqui no aplicativo, sim. É indignante”, conclui Felipe. As empresas aéreas não se pronunciaram sobre o assunto.
(No Ataque)
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