As cidades precisam se preparar para a crise climática (Parte 2) - Rede Gazeta de Comunicação

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As cidades precisam se preparar para a crise climática (Parte 2)

JULIANA BALADELLI RIBEIRO

Especialista em Soluções baseadas na Natureza na Fundação Grupo Boticário

Muitas cidades já estão percebendo que não adianta lutar contra a força da natureza. Não adianta canalizar rios, cortar árvores, impermeabilizar todo o solo, e então torcer pela quantidade de chuva adequada e por temperaturas mais amenas. A crise climática que bate à nossa porta tem como uma de suas principais consequências a alteração nos padrões de chuva. As tendências de impactos da mudança do clima variam muito de uma região para outra, mas de forma geral, podemos perceber eventos climáticos mais extremos, como chuvas intensas ocorrendo com maior frequência e estiagens mais prolongadas. As cidades costeiras têm preocupações adicionais, como o aumento do nível do mar, a intrusão salina (invasão de água salgada no lençol freático) e a maior frequência de tempestades mais fortes, que podem se tornar ciclones ou furacões.

Muitas localidades já usam a força e a sabedoria da natureza a seu favor. Na cidade de Rio Cheonggyecheon, Coreia do Sul, em um curto espaço de tempo, o rio que cruza a área central foi revitalizado. Um projeto complexo foi necessário, com a implosão de um enorme viaduto de concreto e o estímulo ao uso do transporte público. Como recompensa, hoje o rio é habitado por peixes, possui cascatas e parques lineares em seu entorno e se transformou em novo ponto turístico.

No Brasil, Recife (PE) já está colocando em prática o projeto de revitalização do Rio Capibaribe, com planejamento urbano integrado a Soluções Baseadas na Natureza. O rio que divide a cidade, vai passar a ser ponto de encontro e orgulho para seus moradores. Em Curitiba (PR), o Rio Barigui apresenta diversos parques em suas margens, sendo o mais famoso – o Parque Barigui – criado na década de 1970 sob a justificativa de que seu lago servisse como bacia de contenção de cheias. Hoje é o parque mais amado da capital paranaense e uma avaliação de retorno de investimento, realizada pela prefeitura em parceria com a Fundação Grupo Boticário, identificou que a cada R$ 1 investido no local, retornam para a cidade R$ 12,50.

É preciso que as cidades façam as pazes com seus rios e reconheçam ali a grandiosidade da vida e enormes oportunidades de transformação social. Grandes metrópoles do mundo têm nos cursos d’água seu cartão postal, contando com a paisagem do entorno dos rios para gerar oportunidades de negócios, lazer, turismo e recreação para a população. Crises são oportunidades e a crise climática pode ser uma boa chance para que as áreas urbanas se reconciliem com seus recursos hídricos.

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