GIRLENO ALENCAR
O arcebispo da Arquidiocese de Montes Claros, dom José Carlos de Souza Campos, fez uma visita à comunidade do Planalto Rural, onde foi conhecer a Associação dos Produtores Rurais do Planalto Rural, na região do Pentáurea, em Montes Claros. A associação, que começou em 1994, surgiu por iniciativa da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, que faz o acompanhamento dos produtores rurais da região, desde meados da década de 1970. O produtor rural José Maria Ferreira de Souza foi um dos primeiros agricultores da região a abraçar o projeto. “Éramos um grupo de produtores, cada um trabalhando no seu canto e através da Emater surgiu a ideia de formar a associação e trabalhar em conjunto e graças a Deus hoje é um sucesso”, afirma.
Com a adesão dos pequenos agricultores surgiu a necessidade da criação de uma cooperativa para melhor articulação na comercialização dos produtos, criando, assim, a Cooperativa de Produtores de Hortifrutigranjeiros da Região do Pentáurea. (Cooprohpen). Com o desejo de conhecer um pouco mais a realidade da agricultura familiar no território da Arquidiocese de Montes Claros, o arcebispo dom José Carlos de Souza Campos fez uma visita à comunidade do Planalto Rural, acompanhado pelos extensionistas agropecuários da Emater. O arcebispo pôde acompanhar de perto o trabalho desenvolvido pelos produtores rurais da região, que tem como meio de subsistência a Agricultura Familiar.
A região do Planalto Rural tem como principal foco a produção de hortaliças, que abastece praticamente toda a cidade de Montes Claros e é baseada na Agricultura Familiar, principal base econômica do município de Montes Claros. O trabalho desenvolvido pela Emater junto aos produtores agrícolas tem como principal objetivo criar meios para que as famílias permaneçam no campo, tirando dele o seu sustento. Esse trabalho é conhecido como extensão rural. A Emater acompanha os trabalhos da Associação dos Produtores do Planalto Rural através do extensionista agropecuário José Carlos Dias.
De acordo com ele, o objetivo do trabalho de extensão rural é dar suporte para o crescimento e o fortalecimento da produção agrícola do local, para que possam trabalhar de forma independente. “Há todo um trabalho realizado de extensão rural junto a uma comunidade para que os seus membros, esses agricultores, compreendam a mensagem e de um determinado momento em diante eles possam caminhar sozinhos, dependendo menos do técnico ou de determinada instituição que preste assistência técnica a eles”.
O trabalho realizado pela Emater é voltado para toda a comunidade e não está restrito apenas a um produtor, ressalta José Carlos Dias: “Procuramos dar continuidade a esse trabalho, aprimorando algumas coisas ou evoluindo em outras, mas sempre pensando no coletivo, na organização, pra que eles possam, além de aplicar novas tecnologias, evoluir no uso delas, apropriar das políticas públicas disponibilizadas pelo Estado e, é claro, crescendo econômica e socialmente. E é exatamente isso que a gente vem fazendo, é nessa linha de raciocínio que a gente vem trabalhando e atuando”.
José Carlos ainda destacou a questão da sucessão na agricultura familiar, que é o conhecimento que passa de pai para filho e também é passado dos filhos para os pais. “Existe sim uma sucessão na agricultura familiar e o que é mais interessante, uma sucessão com olhares diferentes, com posturas diferentes, adotando ou buscando meios diferentes do que os pais vinham desenvolvendo, tudo isso fruto de um trabalho consistente feito não só pela Emater, mas por diversos outros parceiros que ali estão juntos com aquele grupo, dando a sua contribuição cada um com a sua competência”, concluiu o extensionista.
A primeira experiência do arcebispo com a agricultura familiar desenvolvida na arquidiocese de Montes Claros o deixou admirado e cheio de esperanças em relação ao surgimento de uma nova realidade de trabalho no campo. “Visitamos comunidades e famílias que vivem da agricultura familiar, mas não de uma agricultura familiar particular, pensada família por família, mas, sobretudo pensada a partir de pequenos grupos de famílias, de associações e cooperativas com grandes vantagens e com grandes avanços do ponto de vista de produção, de organização do produto, de venda deste produto para o benefício de todos. Então, a gente percebe que é possível, sim, aqui no norte mineiro, onde há muitas famílias que também têm o seu pedacinho de terra, ajudados pela Emater, ou outras parcerias; que é possível, sim, que muitas famílias vivam da sua terra, do produto que essa terra é capaz de gerar”.
A oportunidade de geração de emprego na região do Planalto Rural também chamou a atenção do arcebispo. “É muito bom saber, como eu ouvi hoje, mais de uma vez, que muitas dessas comunidades precisam de mão de obra, não têm mão de obra, isso é, se houvesse ali pessoas mais empenhadas no trabalho da agricultura, da lavoura, haveria trabalho para muitas outras pessoas. Este é um horizonte bonito que se percebe aqui no Norte de Minas e horizonte que precisa ser primeiro conhecido e divulgado. Muitas histórias de sucesso, como as que nós vimos hoje, precisam vir às claras para que muitas famílias percebam que com uma certa ousadia, com uma certa coragem, é possível, sim, investir no futuro, investir na terra para que essa terra seja lugar de geração de vida, de recursos, de sustentabilidade”.
O desejo do arcebispo é que o trabalho desenvolvido pela Associação e pela Cooperativa da Região do Pentáurea sirva de inspiração para outras comunidades rurais presentes no território da Arquidiocese de Montes Claros. “Oxalá outras famílias e outras comunidades possam avançar também no conhecimento dessas técnicas, desses recursos, dessas ideias, para que outras comunidades avancem também na sua capacidade de produzir, de vender e dar dignidade às suas famílias”.
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