GIRLENO ALENCAR
O arcebispo metropolitano dom João Justino Medeiros lamentou na tarde de ontem (16) que a Prefeitura de Montes Claros ao transferir a Sexta-feira da Paixão para hoje, pois fere a sensibilidade religiosa e cultural de grande parte da população e comunicou que o Calendário Litúrgico da Igreja será mantido, o que implica que não respeitará o decreto municipal. Ele propôs o diálogo e salientou que “como outros setores da sociedade, queremos ser ouvidos, chamados para o diálogo”. Essa foi a primeira vez que a Arquidiocese de Montes Claros assume uma posição contra a administração do prefeito Humberto Souto.
“Há um ano estamos nessa difícil travessia da pandemia do novo coronavírus. Com certeza, entre os quase 280 mil brasileiros que perderam a vida para a Covid-19 estavam pessoas de nossa convivência, amigos ou familiares. Todos os setores da sociedade estão afetados. Destacam-se o mundo do trabalho e o sistema de saúde. Esse, inclusive, com sinais de colapso de sua capacidade para atender as demandas. Parece ser esse o momento mais crítico. Há esgotamentos de diversas naturezas. Entre a verdade dos fatos, a manipulação dos dados e das notícias, as fake News e as restrições impostas, não se apaga a chama da esperança de que venceremos a pandemia. E sabemos que sacrifícios precisam ser feitos para se alcançar essa vitória. Ninguém se sinta dispensado de colaborar pessoal e efetivamente para evitar a contaminação”.
“Diante do Decreto nº 4.188, do Município de Montes Claros, publicado 16/03/2021, que antecipa cinco feriados, entre os quais, a Sexta-feira da Paixão e o Corpus Christi, vimos por essa nota manifestar que: 1- Lamentamos essa decisão, que fere a sensibilidade religiosa e cultural de grande parte da população. A pandemia precisa ser vencida em muitas frentes de batalha. Uma delas, com sua significativa parcela de importância, é o suporte da fé. 2- Esclarecemos que o Calendário Litúrgico da Igreja, ao qual estão vinculados todos os que professam a fé católica, permanece inalterado. Não obstante o Decreto Municipal tenha antecipado os feriados reconhecidos como religiosos, as celebrações litúrgicas presenciais, com restrições, e transmissão pelas redes sociais permanecem inalteradas”.
“Pedimos ao clero, que tendo em mãos o Diretório Litúrgico 2021 (págs. 9 a 18, especialmente o item 3.2. Dias santos de guarda), instrua as comunidades para o sentido e o valor de celebrar a liturgia própria de cada dia. 3 – Recordamos que a Arquidiocese de Montes Claros, especialmente pelos serviços de suas paróquias e pastorais, tem colaborado de muitos modos ao longo da pandemia. Mais que dobrou o serviço de assistência aos pobres, somente possível pela generosidade de nossos fiéis. Consideramos nossa missão como parceiros da população na luta contra a Covid-19. 4-Até aqui aceitamos todas as restrições impostas pelo poder público, no sentido de colaborar para evitar o contágio do vírus. E vamos continuar trabalhando nesse sentido”.
“No entanto, como outros setores da sociedade, queremos ser ouvidos, chamados para o diálogo. Reiteramos o apelo da Campanha da Fraternidade Ecumênica, em curso: “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”. Reconhecemos que pesa sobre os gestores públicos, privados, das diferentes instituições civis e religiosas, e mesmo sobre cada pai e mãe de família, a grave responsabilidade de defender a vida. Não sabemos até quando a pandemia se estenderá. Mas a fé nos convence de que “Somos todos irmãos” (cf. Mt 23, 8) e queremos juntos colaborar. Rogamos à Santa Mãe de Deus e a São José que intercedam em favor do amado povo de Deus. Montes Claros, 16 de março de 20”
