MAURO CARDOSO
Médico epidemiologista e cientista de dados
A pandemia de Covid-19 completou um ano e agora enfrentamos uma situação ainda mais desafiadora do que no surgimento da doença. As projeções de população infectada sugerem que o Brasil, como um todo, principalmente a região Centro-Sul, terá um aumento de casos nessa nova onda que, pela dinâmica epidemiológica, será ainda maior que as anteriores.
É difícil estimar ao certo a magnitude máxima que podem chegar o número de casos, pois as projeções de modelos epidemiológicos são tendências e não capturam todas as intervenções de políticas públicas e as restrições sanitárias tomadas. O pico de casos, entretanto, está previsto para as próximas semanas em vários estados do Sudeste, como São Paulo e Minas Gerais, e da região Sul do país.
No Brasil, de forma geral, e mesmo nos estados que já podem ter passado o pico, as previsões dos modelos indicam um patamar ainda alto de ocorrências, que deve se estender pelos meses de abril e maio, sobrecarregando o sistema de saúde público e privado. A grande questão é a preocupação dos gestores em saúde com o possível colapso da rede hospitalar por excesso de demanda, como o que ocorreu em Manaus (AM). O risco de esgotamento de instituições de saúde é real e, se ocorrer, será iminente, afetando todos os pacientes que precisarem de assistência, inclusive os que não são de Covid-19.
Abaixo mostro alguns gráficos que estimam a magnitude que a doença pode alcançar em alguns estados.
A gravidade da onda atual se explica por fatores relacionados a alterações na transmissibilidade da doença, como por mudanças no padrão de comportamento das pessoas, relaxamento dos cuidados e pelas mutações que o vírus sofreu, como as variantes identificadas no Reino Unido, África do Sul e Manaus, que já circulam em grande parte do Brasil. Há inclusive relatos de casos de coinfecção, quando ocorre uma infecção simultânea com diferentes vírus em uma mesma pessoa.
Sendo assim, nas próximas semanas, é importante que reforcemos o cuidado para a prevenção da doença, já amplamente discutido, com o uso correto de máscaras, o isolamento social e o trabalho remoto, quando possível. As medidas são fundamentais tanto para nos prevenirmos de maneira individual quanto para o famoso achatamento da curva. É essencial também que os administradores públicos e privados atuem na direção de facilitar e reforçar essas medidas.
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