Aos poucos as feiras presenciais de produtos da agricultura familiar, suspensas em função da pandemia da covid-19, estão retornando nos municípios do estado. No entanto, feirantes e técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG), vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), reconhecem os bons resultados alcançados na comercialização on-line, adotada durante os períodos mais críticos da crise sanitária, e defendem sua continuidade. Eles sabem que o uso das tecnologias virtuais no meio rural é Irreversível e as vendas on-line vão fazer, cada vez mais, parte da rotina da agricultura familiar, convivendo lado a lado com o comércio presencial. Afinal, o que era uma alternativa encontrada para garantir a produção e a renda dos agricultores familiares está se consolidando como mais uma canal de comercialização.
Na unidade regional da Emater-MG de Capelinha, no Vale Jequitinhonha, por exemplo, 11 municípios, entre os 22 que estão na área de abrangência da regional, aderiram às feiras on-line logo no início e auge da pandemia. A iniciativa, conduzida pela Emater-MG, em parceria com as prefeituras locais, foi o que diminuiu o impacto das perdas financeiras, decorrentes do fechamento dos tradicionais pontos de comercialização presencial dos produtos.
Segundo a coordenadora técnica regional, Nágila das Graças Salman, a ação chegou a ter a participação direta de 396 agricultores familiares e alcançou mais de 1.600 consumidores, que aderiram ao novo sistema de compras. Ela explicou que foram utilizadas ferramentas virtuais como grupos de WhatsApp, Google Meet e sites gratuitos, além de telefones celulares e fixos.
“Com o início da Covid-19 e o fechamento das feiras livres buscamos junto aos parceiros, através das secretarias municipais de agricultura, alternativas viáveis para amenizar os prejuízos dos produtores. Uma dessas alternativas foi a criação das feiras virtuais em 11 municípios da unidade regional de Capelinha, em abril de 2020. Houve muitos ganhos na utilização dessas ferramentas”, afirmou a coordenadora da Emater-MG.
Para Nagila, a inserção de agricultores familiares na utilização de equipamentos virtuais, a partir do começo da pandemia, provocada pelo novo coronavírus, foi um grande avanço para mantê-los conectados à tecnologia da Era 4.0, considerada imprescindível nos dias atuais. De acordo com Nágila, a pandemia acabou antecipando um processo que estava previsto para acontecer num futuro próximo.
“Os agricultores abriram um novo canal de comercialização, aproximaram mais do consumidor urbano e buscaram novos clientes. Foi uma situação que nos levou à adaptação e reinvenção das nossas ações, além da utilização de tecnologias pouco conhecidas no meio rural, com previsão de permanência devido ao sucesso da ação”, argumentou.
Produtores aprovam vendas on-line
Em Berilo, um dos onze municípios da região de Capelinha, que aderiu ao comércio on-line dos produtos agrícolas, a feira voltou a funcionar nos sábados e nas quartas-feiras, respeitando os cuidados sanitários (distanciamento das barracas, uso de máscara e álcool gel). No entanto, as vendas virtuais continuam e estão sendo efetuadas por meio do WhatsApp. O grupo do aplicativo reúne cerca de 217 pessoas, entre agricultores familiares e consumidores.
“Essa modalidade de feira virtual vai ficar pra sempre. Isso não para mais não. Aqui as pessoas se acostumaram. Toda hora tem pedidos por áudio para os seus fornecedores. Os feirantes recebem a demanda e entregam as mercadorias na casa dos consumidores,” disse o extensionista Agropecuário local, Milton Machado, que é o administrador do grupo.
O agricultor José Alves Lima, morador do Córrego São Joaquim, em Berilo, é feirante há mais de 20 anos. Desde abril de 2020, quando ingressou no grupo do WhatsApp, ele anota os pedidos e toda quarta-feira faz a entrega dos produtos na cidade. Com cerca de 40 clientes fiéis, ele aproveita a oportunidade e leva mais desses produtos para vender também na barraca instalada no mercado local, mas não abre mão da comercialização efetuada, por meio do aplicativo de mensagens instantâneas.
Segundo Lima, ele está faturando em torno de 30% a mais desde a aproximação com o consumidor. “Mantive a clientela antiga e conquistei novos. Não perco tempo, nem oportunidade”, afirmou. A produção do agricultor é diversificada, “tem de tudo um pouco”. Desde as variedades de hortaliças, verduras e frutas, até amendoim cru e torrado. “Do gosto do freguês”, costuma dizer.
A agricultora familiar Sebastiana Moreira Gomes, da Comunidade São Joaquim, também em Berilo, não desanima dos 35 quilômetros que tem de percorrer de sua propriedade até o centro urbano do município. Como Lima, Sebastiana voltou a comercializar sua produção na feira presencial, aos sábados. Algumas vezes na quarta-feira, mas ainda negocia no grupo e garante que vai manter assim.
“A feira on-line é boa demais. Eu e meu marido fazemos as entregas e vamos continuar. Tem mais produtores em Berilo que continuam vendendo no grupo e entregando direto para o comprador”, afirma. Ela lista o que costuma vender: abacaxi, laranja, feijão, mandioca, milho, maracujá doce, abóbora, quiabo, tomate e hortaliças folhosas, além de rapadura e farinha de mandioca. (Terezinha Leite/ Emater-MG)
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