Agricultores familiares fazem sucesso com sacolão virtual no Norte de Minas - Rede Gazeta de Comunicação

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Agricultores familiares fazem sucesso com sacolão virtual no Norte de Minas

Como em diversos municípios mineiros, agricultores familiares de Santa Fé de Minas, no Norte de Minas, precisaram se adaptar à realidade da pandemia da Covid-19. Era preciso manter a venda de seus produtos e assim garantir renda, seguindo os protocolos de prevenção da doença das autoridades sanitárias, entre eles não provocar aglomerações na cidade. Apesar de não ter feira livre, os produtores do município vendiam suas produções tradicionalmente, nas ruas ou nas casas, em carrocinhas, o que certamente causava ajuntamento de pessoas interessadas em adquirir as mercadorias.

Assim, a Emater-MG do município criou o grupo de WhatsApp “Verdura Virtual: Sacolão Delivery”. Desta forma, os produtores cadastrados só se deslocariam para atender pedidos previamente solicitados por consumidores, também cadastrados no aplicativo de mensagens. As mercadorias são entregues diretamente na casa do cliente. O grupo conta com 256 integrantes, sendo 36 produtores e 220 clientes, e está comemorando um ano de criação.

Além de promover o crescimento das vendas, a feira virtual também ampliou os tipos de mercadorias ofertadas. E logo nos primeiros quatro meses, as vendas chegaram a R$ 81,9 mil. Uma média semanal de R$ 4,55 mil em valores aproximados, segundo informações do extensionista Edson Tafuri, autor do projeto e administrador do grupo.

Semana a semana, mês a mês, Tafuri presta conta aos participantes sobre o total de vendas realizadas. A ideia é motivá-los mais ainda.” Quando faço o relatório de venda, informo todos os produtos que foram comercializados naquela semana. Então a pessoa se sente incentivada a participar, a produzir”, argumenta. Em 12 meses de funcionamento do grupo, completos em abril, os produtores comercializaram um total de R$ 210,16 mil, segundo o extensionista.

Na opinião do técnico da Emater-MG, o motivo do sucesso está ancorado na qualidade dos produtos e na diversificação. Além das hortaliças, frutas comuns e do cerrado, leite, queijos, requeijão, ovos, farinha, quitandas e artesanato, o grupo abriu o leque de comercialização e negociou até animais como bois e galinhas.

“Acredito que esse resultado está na credibilidade dos produtos oferecidos, pela qualidade e diversificação, porque apareceram produtos jamais imagináveis de serem vendidos, a gente percebeu que vendeu-se de tudo. Teve uma produtora que sozinha, em uma semana, vendeu R$ 5 mil”.

O pequeno produtor José Vinicius Ferreira, conhecido como Vivi, dono de uma propriedade de 30 hectares na Comunidade Várzea Alegre, a 28 quilômetros do centro de Santa Fé de Minas, admite que antes da feira virtual não se animava a trazer seus produtos para vender na cidade, mesmo precisando. Segundo ele, as pessoas pareciam não valorizar o trabalho dele. “Eu só vendia se alguém me encomendasse, porque quando eu trazia os produtos, não sabia se ia vender ou não. Era tão difícil comercializar que eu não tinha coragem de trazer uma coisa nossa pra sair oferecendo na rua”, revela.

Agora com o sacolão delivery, ele largou o constrangimento de lado e comercializa o que tem no momento. Pode ser melancia, farinha, banana, maracujá, açafrão ou baru. “Ficou bem melhor e com certeza as vendas aumentaram. Não só eu percebo isso, são várias e várias pessoas”, garante.

Vivi também acha que a feira on-line acabou valorizando mais os produtos da roça. “Agora estou vendo que a coisa mudou. O pessoal está gostando das coisas rurais. Parece que são coisas mais puras. Então o pessoal passou a procurar. Se eu posto lá no grupo o que eu tenho, sempre tem saída, sempre aparece quem quer”, afirma.

A consumidora Aidê Vargas confirma a afirmativa do produtor. Semanalmente ela faz suas compras pelo grupo do aplicativo de mensagens e só tem elogios para a iniciativa, que tornou a sua vida de dona de casa e trabalhadora muito mais prática.

“Facilitou e muito, pra mim como consumidora, porque a gente compra pelo telefone e os produtores entregam produtos de ótima qualidade, na casa da gente. Com a pandemia isso aí ficou ótimo. Eu compro alface, verduras em geral, feijão catador, frango caipira, requeijão, queijo e frutas. É muito bom porque até os frutos do cerrado a gente encontra nesse grupo. E vem tudo embaladinho, bastante higienizado. Eu gosto e sou uma consumidora fiel deste grupo”, conta.

Ela torce para que a iniciativa se solidifique e permaneça, mesmo quando a pandemia passar. “Acho que poderia permanecer sim, porque tornou mais fácil o acesso entre nós consumidores com os produtores. Porque aqui na minha cidade, por exemplo, que é uma cidade pequena, já tentaram fazer a feira, mas o povo não tem o hábito de ir na feira comprar as coisas”, justifica. (Portal Seapa)