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Afogados em informação

MARCO ANTONIO SPINELLI

Médico, com mestrado em psiquiatria pela Universidade São Paulo

Isso acaba nos levando para uma perda meio coletiva de Memória. As avós não podem opinar sobre as curvas de ganho ou perda de peso, pois são de uma época pré histórica em que não havia aplicativos para orientar o aleitamento.

Vivemos uma euforia dos grandes pacotes de dados e do saber que vem com eles, mas isso implica, para muita gente, da perda da Memória de saber como isso era feito, o que estava certo, o que estava errado, e quem colocou o ovo em pé pela primeira vez.

Da janela do ambiente onde faço a minha bicicleta ergométrica dá para ver uma belíssima árvore que plantamos há vinte anos. Sempre tenho a impressão de algo magnífico quando a vejo. Um sistema complexo, que se comunica com as plantas que a cercam dentro e fora de nosso terreno. O sistema que encontra um perfeito equilíbrio com as formas de vida que alimentam e se alimentam dela.

Imagino o nosso organismo como um sistema ainda mais complexo que se mantém vivo e em equilíbrio com o mundo que em nosso entorno. Quando esse sistema se desequilibra, tem uma grande sabedoria de buscar a correção desse desequilíbrio. A doença é quase sempre a tentativa de recuperar o equilíbrio perdido. Temos muito a ganhar com as novas tecnologias e as novas formas de conhecimento de nossos dias. Mas essa informação não serve para muita coisa se não for integrada com uma percepção profunda desse sistema, e da sabedoria para intervir de maneira harmônica e sábia, para trazer o bom funcionamento de volta.

Nossa Sociedade do Desempenho atropela o Tempo. E atropelar o Tempo nunca foi um bom negócio. O tempo e a memória estão bem conectadas com a Sabedoria. Estamos necessitados dos três, mais do que nunca.

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