A saúde mental dos criadores importa aos seus seguidores? - Rede Gazeta de Comunicação

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A saúde mental dos criadores importa aos seus seguidores?

THIAGO CAVALCANTE

Especialista em marketing de influência

A pandemia escancarou a necessidade de cuidarmos da saúde mental. Desde então, muito se falou sobre por ambientes de trabalho que sejam acolhedores e não prejudiquem psicologicamente seus colaboradores. Como CEO sempre prezo pelo conforto de todos que passam pela Inflr. Entretanto, tenho me questionado sobre como isso se aplica aos criadores de conteúdo.

Segundo levantamento realizado pelo  Criadores ID, plataforma que reúne informações sobre os criadores de conteúdo do Brasil, 22,2% dos influenciadores sofrem de transtorno de ansiedade e 6,4% sofrem de depressão. Ao observar neste números, muitos devem se perguntar o por que isso ocorre, levando em consideração a vida “perfeita” que eles expõem em suas redes sociais. Mas a resposta está no próprio estudo realizado por 450 influenciadores com média de 950 mil inscritos: 81% dos criadores se sentem pressionados para produzir novos conteúdos.

Para que possamos entender melhor o motivo dessa pressão, é necessário sabermos como o algoritmo das redes sociais funciona. Na teoria, o Instagram entrega alcance orgânico de 100%, ou seja, se você rolar o feed até o fim, verá as publicações de todos aqueles que você segue. Mas na prática, não é bem assim. Existem diversos fatores que implicam na entrega ou não de um conteúdo para um usuário.

A principal moeda de troca que o influencers tem com as empresas é o engajamento, que é medido pelo número de curtidas, comentários e compartilhamentos que os posts geralmente têm. Então, quanto mais um criador publicar, mais engajamento ele tem. E se ele parar de publicar, em uma situação de férias, por exemplo, o engajamento cai e sua moeda passa a valer menos no mercado. Postar uma foto em uma bela praia, não é sinônimo de descanso para os creators, já que eles precisam usar de toda e qualquer situação para gerar conteúdo aos seguidores.

Além disso, existem outros fatores que têm prejudicado a saúde dos criadores de conteúdo. A exposição que a vida de influenciador demanda é sempre acompanhada de muitos julgamentos. É preciso muito preparo psicológico para não ceder à pressão.

A pesquisa do Criators ID ainda revelou que 73% dos youtubers têm apenas um integrante no seu canal, ou seja, é ele quem pensa no conteúdo, grava, edita, publica e monitora as redes. É como um empresário, que é o operacional, a linha de produção, administração, recursos humanos e financeiro de sua empresa. A carga emocional nesses casos é gigantesca.

Neste ano, diversos casos sobre instabilidade mental dos criadores de conteúdo pipocaram na internet como os casos da cantora-compositora, Luísa Sonza, o comediante, Whindersson Nunes e os influenciadores Luva de Pedreiro e Felipe Neto.

Levando todos estes pontos em consideração, é necessário fazermos uma reflexão mais aprofundada sobre esse assunto. Saúde mental no mundo de influenciar é um privilégio? Os seguidores querem estar abastecidos de entretenimento o tempo todo ou desejam seguir alguém saudável, mas com quantidade de publicações menores? O estado mental dos criadores é levado em consideração no momento de um cancelamento?