A queda de alunos em cursos de Licenciatura - Rede Gazeta de Comunicação
A queda de alunos em cursos de Licenciatura

ÉLID NORONHA

Nos últimos anos, há um quadro preocupante no cenário acadêmico, a possibilidade de um apagão de professores. A falta de interesse dos jovens em cursos de licenciatura, tem preocupado especialistas da área.

A licenciatura é um termo acadêmico do ensino superior, através dela os alunos são licenciados para atuar como professores em diversas áreas.

É fato que a profissão professor, está entre as mais tradicionais do mundo, oficializou-se desde a idade média, no entanto o ato de ensinar e estudar, se estende por longos anos passados.

Além disso, professor é a profissão que forma todas as outras profissões, qualquer área de conhecimento ou qualquer pessoa que tenha sido alfabetizada, obteve seu conhecimento inicial através dos ensinamentos de um professor na educação básica, e alguns a prosseguem com este acompanhamento até o ensino superior e especializações.

De acordo com pesquisas, nos últimos anos poucos são os jovens que se interessam em compartilhar seu conhecimento em sala de aula. Algumas escolas sofrem com a procura por docentes, situações onde alunos ficam por algum tempo sem aula de determinada disciplina devido à falta de professores da área. Diante dessa situação algumas escolas optam por contratar profissionais formados em outras áreas para preencher essa lacuna, principalmente em áreas como física, química, filosofia e sociologia. De acordo com o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), o número de concluintes de licenciaturas em áreas específicas passou de 123 mil em 2010 para 111 mil em 2021, e tem diminuído cada vez mais de lá pra cá.

Em conversa com a professora Mariléia de Souza, de 69 anos, que atua na sala de aula há 45 anos, sendo 32 anos no ensino superior, ela argumenta sobre os motivos que encaminha para o atual cenário. “A profissão docente tem se tornado desinteressante por vários motivos. Um deles é a pouca valorização do magistério. Dentre as profissões de nível superior é a que tem os salários mais baixos e geralmente as condições de desenvolvimento do trabalho nas escolas são muito precárias. Além disso, é uma profissão que exige atualização constante, a carga de trabalho é muito exaustiva. A questão da tecnologia é muito presente, a escola não está dando conta de acompanhar as inovações tecnológicas, o que torna os alunos da educação básica muito desinteressados pela escola, e essa luta contra o desinteresse dos alunos é muito inglória para o profissional.”

Mariléia, que é chefe do departamento de Letras na Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), afirma que a universidade procura mudar este cenário e busca inovações que entreguem incentivo aos acadêmicos. “Inclusive no departamento de Letras há uma comissão estudando novas propostas para as licenciaturas. O mundo gira muito rápido. Temos que pensar rápido e inovar sempre.”

A acadêmica do curso de Letras da Unimontes, Náthaly Isadora, de 23 anos para entender a motivação dos atuais acadêmicos. “O que me motiva é saber que futuramente eu terei uma profissão e que essa profissão pode mudar a minha vida, tanto profissionalmente quanto emocionalmente. Além de me fazer crescer em várias áreas que eu preciso para continuar sobrevivendo”, afirma.

Questionada sobre o surgimento do interesse pela área, ela explica que surgiu quando comecei a aprender sobre redação. “Percebi que não era ‘um bicho de sete cabeças’ e gostei daquilo, sendo assim quis fazer com que outras pessoas sintam a mesma sensação de aprender, compreender e que consequentemente, obtenham bons resultados em redação”, relata.

Sobre o interesse dos jovens pela área, ela respondeu que os jovens estão cada vez menos interessados na área de Letras, por vários aspectos. “Em primeiro lugar por causa do salário, por ser muito baixo, isso é algo predominante no desinteresse das pessoas, e; em segundo lugar a dificuldade, pois fazer uma licenciatura não é fácil, você precisa aprender para depois ensinar, então se não aprender com maestria, na íntegra, para poder repassar para o aluno, aquilo se torna uma dificuldade, então algumas pessoas veem isso como um obstáculo. Um terceiro fator é a influência do “status”, ao ver as pessoas se dando bem em outras áreas que são mais incentivadas e julgam que também se darão bem na mesma, sem ao menos questionar a possibilidade de um curso de licenciatura”.

Não somente a Unimontes como especializações de todo o Brasil, instituições busca alternativas para mudar este cenário e fazer com que a falta de professores deixe de ser um problema, a educação move o mundo, é imensurável e fundamental para o desenvolvimento humano, social e econômico. Precisamos dos mestres em sala de aula para o crescimento intelectual dos alunos que serão o futuro do país.

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